Até quando? Quantos ainda cairão em defesa das florestas?

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No lugar que havia mata, hoje há perseguição
grileiro mata posseiro só prá lhe roubar seu chão
castanheiro, seringueiro já viraram até peão
afora os que já morreram como ave-de-arribação
Zé de Nana tá de prova, naquele lugar tem cova
gente enterrada no chão:
Pôs mataram índio que matou grileiro que matou posseiro
disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro
roubou seu lugar
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Vital Farias em Saga da Amazônia

           Na tarde em que se votava o Código Florestal, aquele que anistiou as quadrilhas de grileiros, dos desmatadores e suas moto-serras, uma cena grotesca aconteceu na Câmara dos deputados. O líder do Partido Verde lia uma reportagem sobre o extrativista José Claudio Ribeiro da Silva, brutalmente assassinado naquela manhã no Pará, junto com sua mulher Maria do Espírito Santo da Silva, também uma liderança amazônica. Ao dizer que o casal que procurava defender os recursos naturais havia morrido em uma emboscada, ouviu-se uma vaia. Vinha das galerias e também de alguns deputados ruralistas. A indignidade foi contada e replicada no twitter. Foi um absurdo o que aconteceu, diz Tasso Rezende de Azevedo, ex-diretor geral do Serviço Florestal Brasileiro.
          Ficamos estarrecidos. E do que falava ou falou a pequena e a grande imprensa?  É ou não é miúda?
         O assassinato de Zé Claudio, como era conhecido, e de Maria do Espírito Santo aconteceu a 50 km de Nova Ipixuna, na comunidade de Maçaranduba. Eles vinham no carro deles, indo para a cidade. Tinha uma ponte meio danificada no igarapé. Ele desceu para ver e ali foi a emboscada, contou Atanagildo Matos, diretor da regional Belém do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, o ex-Conselho Nacional dos Seringueiros - entidade fundada por Chico Mendes - Zé Claudio foi morto fora do carro, Maria foi baleada dentro do veículo. Uma orelha foi arrancada pelos pistoleiros, continuou Atanagildo, o primeiro a ser avisado por Clara Santos, sobrinha de Zé Claudio.
O casal vinha sofrendo ameaças desde 2008. É um área muito tensa, que vinha sofrendo muita pressão de madeireiros e carvoeiros, contou Atanagildo. Era a última área da região com potencial florestal muito bom. Zé Claudio e Maria resistiam muito ao desmatamento. Os dois viviam em Nova Ipixuna há 24 anos, em uma area de 20 hectares no Projeto de Assentamento Agroextrativista (Paex) Praialta- Piranheira, às margens do lago de Tucuruí. Extraíam óleo de andiroba e castanha. Em palestra em novembro, no evento TEDx Amazônia, Zé Claudio denunciava o desmate. É um desastre para quem vive do extrativismo como eu, que sou castanheiro desde os 7 anos da idade, vivo da floresta e protejo ela de todo jeito. Por isso, vivo com a bala na cabeça, a qualquer hora.

Confira no vídeo o que disse o defensor da floresta e entenda porque ele foi perseguido e assassinado no Pará.



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