Afinal o que é um poste?

                        
   
               Outro dia, lendo um dos jornais de Belo Horizonte, que por sinal são bem ruins. Dei de cara com esta notícia: "O advogado pessoal de Antônio Andrade, vice governador eleito, Mateus Moura, que trabalhou na Ceasa, seria o nome para a vice-presidência da Cemig. Um membro do PMDB questionou sua capacidade para a função: “Não sabe como funciona um poste de luz..."  O povo já nem dá bola mais. Entretanto eu não consigo engolir a "desavergonhice", como diria o Odorico Paraguaçu, de certos profissionais da política.  No ramo nem todos são eleitos.   A avidez em emplacar um parente ou um amarra-cachorros qualquer em um cargo público é impressionante.  
O que me deixou encafifado mesmo, foi a afirmativa: "- Não sabe como funciona um poste de luz."    Parei na calçada e fiquei olhando para um que fica bem em frente da minha casa.   Aquela coisa cilíndrica, um cone de concreto, grosseiramente parecido com o giz do dia a dia das professorinhas, uma cruzeta de madeira na ponta onde isoladores seguram os cabos de energia. Coisa feia de dar dó.  Toda aquela confusão de cabos já deveria, de a muito tempo, correr subterraneamente por baixo das calçadas. Minha pobre rua se livraria daquele estorvo de cimento; que até outro dia, servia de suporte para grotescos impressos de plásticos, igual bandeirolas de demarcação, estampando as “fuças” de candidatos a tudo quanto é vaga oferecida em uma eleição. Eles emporcalham a cidade sem o menor constrangimento. Imaginem a porcaria que fazem com a representação delegada por nós. Já as vagas para trabalhar de mesário... somos intimados a trabalhar. Eu duvido que algum deles já se “ofereceu” para trabalhar voluntariamente numa eleição.
              Durante um bom tempo fiquei ali, feito besta, tentando entender como funciona um poste.  Ocorria-me algumas utilizações do poste. Lembrava-me de broncas de adultos quando por medo, na minha meninice, empacava em alguma ruela escura. – Vamos! Vai ficar aí parado feito um poste?  Algum aluno magro e tímido, eu era um deles, quando aparecia lá no colégio rapidamente era descrito. –Parece um poste!  Na infância, era no poste que fazia-se a contagem, enquanto a molecada corria brincando de pique.  Noutras ocasiões, carroceiros entre um frete e outro, enquanto descarregavam suas carroças, amarravam pelo cabresto o burro no poste. Lá na esquina perto do boteco, virava e mexia tinha um aglomerado de pessoas em torno do poste. Todos ansiosos em conferir suas apostas no jogo de bicho.  Nunca imaginei, qual a importância de como funciona um poste teria para alguém ou alguma coisa. Que serventia teria tamanho conhecimento?   Em meio as minhas indago-observações, surge um cão morador de rua. Levanta a pata traseira esquerda e dá uma boa mijada no poste. Um velho conhecido meu, meio nazifascista, se por ali estivesse logo me provocaria; - Oia lá! Levantou a pata esquerda, é comunista o desgraçado.   Enquanto o cão mijava, lançou-me um olhar, meio envergonhado e de reprovação por estar a observá-lo. O cão se aprumou e veio em minha direção. Passou por mim de cabeça erguida, andar altivo, lançou-me um olhar debochado como se quisesse dizer – Viu, um poste só presta para isto!     Acho que o jeito é perguntar para o joão-de-barro?
                    

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