“Quanto a mim, fui subitamente
tomado de uma incomensurável
raiva pelo magnífico imbecil,
que me pareceu concentrar em
si todo o espírito da França.”
Baudelaire em Un Plaisant
Caminhava pela avenida, aquela, que ao meio escorre um córrego. Aquele bafo de esgoto sufocava a flor da noite que a memória tentava extrair das árvores em toco. Sentia-me feito um trovador do medievo, desesperado para se livrar do estrume humano que corria pelas ruas de sua aldeia, já grudando na pele, na alma e travando a cantiga no fundo da garganta. Voltava eu da câmara, onde um obscuro Judas – não é o de Herdy – insistia em romper com sua cunha o que restava de belo na pequena cidade, seu passado. Lá ficara o silêncio maninelo dos inocentes inúteis a oferecer no futuro, desabrigo à memória. Tudo isto para permitir ganhuça aos muquiranas que já zurram de alegria. Só me resta sair à francesa. Vou-me embora pra Piacatuba, lá não há delírios de ser vertical cidade grande.
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