Sete de Setembro de 2003. Com um grupo de amigos do Francisco Marcelo Cabral, eu prefiro Chico Cabral, como o Buarque, para o meu pai não vir do céu puxar minhas orelhas - o Alves e claro o Chico Peixoto. Até o grande rio dos mineiros é o Velho Chico, o santo lá de Assis, é para nós, São Chico. Já Francisco, Francisco mesmo, assim com todas as letras, só me lembro do pai da dupla breganeja.
Voltando ao início, Cairu, Emerson Teixeira e eu acompanhávamos um grupo de amigos do nosso poeta, vieram para o lançamento de seu “Livro dos Poemas”. Naquele dia ao sairmos de uma visita a oscariana casa do Chico da Verde, Leo Cristiano andando pelas calçadas da rua dizia: “Temos que tirar os sapatos. Nestas ruas tem-se que andar com os pés descalços”.
Lembro-me destas palavras como uma boa homenagem ao Chico Peixoto em seu centenário. Pisar descalços é não profanar, é respeitar.
Seis anos depois, neste mês de setembro, me encontro descendo a rua do Pomba - as placas teimam em dizer que é Major Vieira.
Saindo da Praça Santa Rita, paro na esquina do Paço, vejo a Ponte Velha que ele queria toda branquinha, hoje pálida pelo abandono, fico imaginando ele descendo a rua. Passa pelo hotel, uma flertada com aquela mulher nua do Zack disputando luz com as carpas coloridas do laguinho. A poda radical das árvores encheu a rua de luz e calor e desnudou um mundo de paredes sem reboco, outras em que a imundice esconde a cor. Abaixa a cabeça e aperta o passo, o calor abrasa a pele. Meneia a cabeça negativamente, lembrando que o bloco carnavalesco da turma do Bibinha já não ensaia e nem sai mais, onde estará o estandarte? Desce a rua pensando em quantos amigos que já não andam mais pela rua, se foram. O macarrão também não é mais feito ali. Vem de longe. Chega na esquina quase na boca da ponte nova, lá em baixo está o campo do Operário que em toda cheia o Pomba toma para si. Levanta a cabeça, a pedreira não existe mais, agora é só o poema. Não quer nem imaginar como está o Meia Pataca que desde o lançamento do primeiro livro só recebeu esgotos. Gira a cabeça no sentido da ponte. Sorri ao ver a velha mangueira da cadeia, em flores, teimando frutificar. Resolve sentar em sua sombra e relembrar com todos os seus sentidos o cheiro e o doce sabor de manga.
Quem sabe fique ali até os frutos amadurecerem, afinal já escapou do tempo, esta medida criada pelo homem para nos confinar.
Apesar dos obscuros e equivocados que querem lançar às trevas teu legado arquitetônico, verticalizando a cidade. Agradeço-te a escola projetada pelo Niemeyer que nos remetia para o futuro, ali, aprendi a olhar da arte de Portinari à de Mestre Vitalino, ali, na pequena biblioteca eu e meus amigos fomos definitivamente cooptados pelos livros, com direito até a hino do Ari Barroso, Isto aconteceu sob a direção do Chico Filho.
Agradeço-te a ótima herança de bons escritores que brotam continuamente nesta tua cidade. Dentre eles cito apenas o poeta Chico Cabral, para ficarmos hoje só entre Chicos.
Voltando ao início, Cairu, Emerson Teixeira e eu acompanhávamos um grupo de amigos do nosso poeta, vieram para o lançamento de seu “Livro dos Poemas”. Naquele dia ao sairmos de uma visita a oscariana casa do Chico da Verde, Leo Cristiano andando pelas calçadas da rua dizia: “Temos que tirar os sapatos. Nestas ruas tem-se que andar com os pés descalços”.
Lembro-me destas palavras como uma boa homenagem ao Chico Peixoto em seu centenário. Pisar descalços é não profanar, é respeitar.
Seis anos depois, neste mês de setembro, me encontro descendo a rua do Pomba - as placas teimam em dizer que é Major Vieira.
Saindo da Praça Santa Rita, paro na esquina do Paço, vejo a Ponte Velha que ele queria toda branquinha, hoje pálida pelo abandono, fico imaginando ele descendo a rua. Passa pelo hotel, uma flertada com aquela mulher nua do Zack disputando luz com as carpas coloridas do laguinho. A poda radical das árvores encheu a rua de luz e calor e desnudou um mundo de paredes sem reboco, outras em que a imundice esconde a cor. Abaixa a cabeça e aperta o passo, o calor abrasa a pele. Meneia a cabeça negativamente, lembrando que o bloco carnavalesco da turma do Bibinha já não ensaia e nem sai mais, onde estará o estandarte? Desce a rua pensando em quantos amigos que já não andam mais pela rua, se foram. O macarrão também não é mais feito ali. Vem de longe. Chega na esquina quase na boca da ponte nova, lá em baixo está o campo do Operário que em toda cheia o Pomba toma para si. Levanta a cabeça, a pedreira não existe mais, agora é só o poema. Não quer nem imaginar como está o Meia Pataca que desde o lançamento do primeiro livro só recebeu esgotos. Gira a cabeça no sentido da ponte. Sorri ao ver a velha mangueira da cadeia, em flores, teimando frutificar. Resolve sentar em sua sombra e relembrar com todos os seus sentidos o cheiro e o doce sabor de manga.
Quem sabe fique ali até os frutos amadurecerem, afinal já escapou do tempo, esta medida criada pelo homem para nos confinar.
Apesar dos obscuros e equivocados que querem lançar às trevas teu legado arquitetônico, verticalizando a cidade. Agradeço-te a escola projetada pelo Niemeyer que nos remetia para o futuro, ali, aprendi a olhar da arte de Portinari à de Mestre Vitalino, ali, na pequena biblioteca eu e meus amigos fomos definitivamente cooptados pelos livros, com direito até a hino do Ari Barroso, Isto aconteceu sob a direção do Chico Filho.
Agradeço-te a ótima herança de bons escritores que brotam continuamente nesta tua cidade. Dentre eles cito apenas o poeta Chico Cabral, para ficarmos hoje só entre Chicos.
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