*Emerson Teixeira
Exatamente assim como quis Francisco Peixoto, perfeitamente assim como a recebemos na concepção dele, Cataguases esta cidade para nós “amor perfeito” (mesmo sabendo realisticamente que nada é perfeito) acabou por se consolidar como núcleo cultural desde que lá pelos seus anos vinte, se envolveu numa aventura cinematográfica e trouxe a reboque a vanguarda literária.
Sabemos a quem creditar essa realização. Exatamente a ele: Francisco Peixoto. Seu nome aparece como ponta de lança desse movimento, pois atrás dele ficou uma semente germinada, a semente do futuro (hoje nem tão presente). Aqui caberia uma pergunta: O que seria de Cataguases, o que seria de nós gente de Cataguases, o que seria em última instância Cataguases em nós se não tivesse existido um Francisco Peixoto? Constatação: uma pergunta pode gerar muitas perguntas.
Isto posto concluo: Francisco fez tudo o que se poderia esperar de alguém como Francisco Peixoto, homem sintonizado com seu tempo e com seu povo. Resta perguntar o que não fez.
O que não fez foi se negar a seu papel no mecenato e o que daí veio em acréscimo. Veio a poesia, oconto, veio a epistografia, a crítica e a tradução. E ainda sobrou tempo para o magistério. Aonde? No Colégio Cataguases. Por que será que hoje tem outro nome? Numa crônica singela, que publicou já sexagenário, acho que no jornal Cataguases, dizia que amava a cidade como a conhecera, evocando nomes de pessoas e ruas desaparecidas. “Destemperado e lírico no meu jeito de ser”. Mas está em Meia Pataca, o primeiro livro que publicou, a exata noção de seu afeto pela cidade que não desejava ver crescer: “Imagino o que seria de você hoje, Cataguases, se tivesse mais ouro naquele corguinho”. Não tinha, mas a cidade assim mesmo cresceu. E eu imagino é o que seria de Cataguases se não tivesse existido Francisco Inácio Peixoto.
*Emerson Teixeira Cardoso (Cataguases - MG)
Peixotamente
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