O gaúcho de Minas

Neste ano, rico em centenários ilustres, faz cem anos que morreu Machado de Assis e nasceram Simone de Beauvoir, Guimarães Rosa, Cartola, Lévi-Strauss, Jacques Tati e Cartier Bresson vamos falar do nosso ilustre poeta...
Guilhermino César é o nosso maior gaúcho, nascido em Eugenópolis, pertinho da vizinha Muriaé, passou por Tebas – distrito de Leopoldina. Em Cataguases entrou na Escola Astolfo Dutra, dizem que acabou expulso. Freqüentou o Ginásio de Cataguases de onde saiu para Belo Horizonte, se mandando mais tarde para o Rio Grande. Andou lecionando literatura brasileira em Coimbra, mas foi em Porto Alegre que se fixou definitivamente. Aqui entre nós, ficou uma pitada de ciúmes dos gaúchos. Até Drummond andou arquitetando um “seqüestro” do conterrâneo. Ao fim, todos nos conformamos com a vontade do poeta.
Estamos a cata de alguma preciosidade dele aqui pela região, até agora a empreita foi um verdadeiro fracasso. Já tentamos localizar algum poema que ele tenha feito para a Oscarina, mas não conseguimos encontrar sequer um herdeiro da menininha sardenta, que dirá os versos. Encontramos apenas dois sonetos de seu pai. Procuramos pelos jornais de Tebas na esperança de achar um primeiro poema. Afinal o poeta começou mesmo foi na imprensa, publicou um soneto no “O jornal” do Rio de Janeiro em 1923 ainda estudante em Cataguases. Em Tebas diz-se que a Folha de Tebas foi fundado em 03 de fevereiro de 1918 por José César, pai de Guilhermino, na mesma tipografia era impresso “O Rouxinol” editado por Oscar César.
Contam também que Guilhermino andou se metendo com o “Mequetrefe” jornal todo escrito a lápis. Aqui em Cataguases foi editor do Mercúrio. Logo em seguida vieram as revistas: Verde aqui e Leite Criôlo, com entre outros o João Dornas Filho, em Belo Horizonte.
Guilhermino presidiu o Grêmio Literário Machado de Assis numa época de acalorados debates literários. Meio século depois, em meio à ditadura, nós nos metemos também com o mesmo Grêmio. Nada de literatura, era apenas um “brincar” de eleições, o grêmio já se amofinava rumo a um acabar quase que definitivo. Acho que nem existe mais, lá no colégio. Por falar em Grêmio, será que o nosso poeta era gremista também lá no Rio Grande ou era colorado? Para nós, cataguasenses, o que ficou de grande benefício do nosso poeta foi sua obra. Aqui no Chicos também permaneceu a hereditária doença pela poesia.

Publicado no Chicos- Edição do Centenário de Guilhermino Cesar

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