A volta do último exílio
Por Florestan Fernandes Jr.
Conheci Luiz Carlos Prestes numa tarde no fim dos anos 1980
no escritório da casa de meu pai. O cavaleiro da esperança era um homem baixo,
com uma voz grave e já bem envelhecido. O encontro foi marcado para oficializar
o apoio pessoal dele a candidatura do Florestan para deputado constituinte.
Na época, erradamente, fiquei com receio deste apoio, achava
que Prestes por ter sido ligado ao comunismo soviético poderia afastar os
jovens de esquerda da campanha de meu pai. Prestes era um mito, foi figura
importante da história do país, talvez por isso todos queriam conhece-ló
pessoalmente.
Lembro de uma conversa que tive com o general Octavio Costa
(responsável pelo discurso de posse do general Médici) que foi punido pelos
companheiros de farda e se tornou persona non grata no Clube Militar por ter se
encontrado com Preste: "Eu fui sem qualquer constrangimento, sem a menor
inibição. Ele tinha sido uma personalidade em toda a minha vida..."
Dias depois da visita, li na coluna do Zózimo, num dos
grandes jornais do Rio: Quem diria? O general Octavio Costa, aquele ex-assessor
de Relações Públicas do presidente Médici, foi visitar Luís Carlos Prestes.
Razão tinha o presidente Figueiredo quando dizia: O general Octavio Costa não é
um bom soldado." Hoje faz 23 anos do retorno definitivo de Prestes ao
Brasil, na foto um dos raros momentos de lazer do velho comunista.
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