Lembram-se do Severino? Não o do João Cabral e sua vida severina, mas o Cavalcanti que chegou a ser presidente da Câmara dos Deputados.
Pois é nos primeiros dias de setembro para destoar da cantilena monocórdia da grande miúda que torrou meus neurônios de tanto falar nas torres gêmeas e em Bin Laden. Li um artigo de Maria Cristina Fernandes no site do Valor Econômico que contava a trajetória de dois italianos no Brasil um é Cesare Battisti e o outro é Vito Miracapillo.
Pois é nos primeiros dias de setembro para destoar da cantilena monocórdia da grande miúda que torrou meus neurônios de tanto falar nas torres gêmeas e em Bin Laden. Li um artigo de Maria Cristina Fernandes no site do Valor Econômico que contava a trajetória de dois italianos no Brasil um é Cesare Battisti e o outro é Vito Miracapillo.
Bem, o Cesare Battisti ocupou páginas e capas por muito tempo em nossa grande miúda, é assim que continuo chamando nossa mídia, esta não perdoava o italiano por ter recebido abrigo e visto de trabalho do país. Todo dia lá estampavam: O Brasil dera abrigo a um assassino, membro das esquerdas terroristas da Itália. Tanta vontade de entregá-lo, a execução da pena de morte à que fora condenado em seu país me incomodava por eu ser totalmente contra a pena de morte.
Já o Vito Miracapillo... . Afora o artigo de Maria Cristina Fernandes fazia tempo, mas muito tempo mesmo, que não ouvia falar dele.
Vito Miracapillo nasceu em Puglia na metade do século passado, filho de pequenos agricultores, ordenou-se padre e aos 33 anos veio para o Brasil. Banido do Brasil na ditadura, Padre Vito luta há 31 anos pelo visto de trabalho. "Foi num 7 de setembro que o padre Vito Miracapillo selou seu banimento do Brasil. Ele chegou em 1975 para trabalhar como pároco do município de Ribeirão na diocese de Palmares, zona da mata sul de Pernambuco, região dominada pela monocultura da cana. Ao receber pedido do prefeito para celebrar uma missa em homenagem ao 7 de setembro, padre Vito enviou-lhe uma carta. Escreveu que, além de já estar comprometido com a celebração de outras missas na data e no horário sugerido, ele não reconhecia independência num povo reduzido à condição de pedinte e sem proteção de seus direitos. Padre Vito tocava a mesma toada da grande liderança católica da região, o arcebispo de Olinda e Recife, d. Hélder Câmara e da CNBB que adotou como lema naquele 7 de setembro "A independência somos todos nós".
É aqui que aparece o nosso deputado Severino, aquele que foi denunciado de cobrar propina de restaurante em Brasília, o mesmo que os demos, tucanos e baixo clero transformaram-no em o segundo homem na linha sucessória de Lula. "A abertura já não possibilitava ações no território nacional como aquela que, 11 anos antes, havia vitimado o Pe. Henrique Silva Neto, braço direito de d. Hélder. Mas o governo João Batista Figueiredo acolheu a denúncia do deputado estadual que, mais de três décadas depois, viria a presidir a Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti. A época no PDS (Ex Arena e hoje PP), Cavalcanti denunciou Pe. Vito ao então ministro da Justiça, Ibrahim Abi Ackel que pediu sua expulsão por subversão, atentado à segurança nacional e à ordem pública e social. No julgamento de habeas corpus do padre, o Supremo Tribunal Federal referendou a expulsão por 11 votos a zero tomando por base o Estatuto do Estrangeiro."
Padre Vito teve seu decreto de expulsão revogado em 1993 por Itamar Franco, mas agora ele está impedido de trabalhar no Brasil, não revalidaram seu visto de permanência. A partir de então o padre tem vindo quase anualmente ao Brasil, mas, além do constrangimento que lhe submetem os agentes alfandegários da Polícia Federal que desconhecem os motivos da expulsão, está impedido de ficar por mais de três meses e de trabalhar no país.
De Canosa, o padre acompanhou o desenrolar do processo de Battisti sem entender por que o Brasil, depois de enfrentar interesses tão poderosos para permitir a permanência de seu compatriota, ainda resistia a rever seu banimento. Aos 64 anos, Miracapillo gostaria de voltar à mesma paróquia a que serviu quando jovem. Como visita todos os anos a região, diz ter visto poucas mudanças por lá ao longo das últimas três décadas. O Bolsa Família, diz, não resolve os problemas estruturais nem muda a situação em que as pessoas vivem. No programa que Miracapillo ajudou a montar, adolescentes, em grande parte filhos de cortadores de cana sem futuro na vida, recebiam meio salário mínimo para cultivar alimentos orgânicos num sítio depois do expediente escolar. Com a renda obtida, podiam ajudar suas famílias e continuar a estudar. Jovens que passaram pelo projeto hoje já concluíram a universidade. O programa, que chegou a ser premiado pelo Banco Mundial, foi descontinuado por falta de recursos.
Cesare Battisti está na casa de praia de um amigo no litoral paulista fazendo planos para voltar a trabalhar no Brasil, país que nunca poderá deixar sob o risco de ser preso.
Cesare Battisti está na casa de praia de um amigo no litoral paulista fazendo planos para voltar a trabalhar no Brasil, país que nunca poderá deixar sob o risco de ser preso.
E o Severino? Severino Cavalcanti (PP) foi reeleito à Prefeitura de João Alfredo, município a 126 quilômetros de Ribeirão.
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