Na minha infância e adolescência eu era fissurado (era assim mesmo que dizíamos) em um jipinho. Não era um jipinho qualquer, era o Jeep do João do Ivo. Quantas vezes eu parei para ver o danado desfilando pela Vila Domingos Lopes. Jipinho velho de guerra, provavelmente lá da década de cinqüenta, todo vermelhinho, pneu faixa branca, capota preta, com o João do Ivo sorridente ao volante. Trafegava todo emperdenido por entre as carroças de burro e charretes que brigavam por espaços na rua principal da Vila. Tornei-me adulto, ter carro deixou de ser uma de minhas prioridades. Na verdade o preço é que foi o responsável por isto.
Mas, de uns tempos para cá, caiu no gosto de muita gente um jipão inglês, que eu só conhecia da TV. O grandão aparecia muito em seriados e filmes que tinham a África como cenário. Não é que o diabo do jipão vira e mexe se mete em algum mal feito ou falcatrua. Primeiro foi com aquele secretário do PT, o Silvinho. Ele ganhara um de presente de uma empreiteira, mas jurava que não. Foi um disse me disse danado. Já notaram que sempre tem um empreiteiro empreitando alguma mutreta. A coisa foi tão descarada que trocaram até o sobrenome do Silvinho. Virou Silvinho Land Roover.
Não é que agora sobrou confusão para o garoto de Ipanema. Aquele que foi inquilino do Palácio da Liberdade até outro dia. O rapazola foi pego ao volante de um jipão destes desfilando entre as garotas do Leblon. Se o Herbert Viana soubesse teria trocado os óculos pelo jipão. Aposto que todas as meninas do Leblon olhariam para ele.
O grande problema do ex-gov é que com ou sem engov ele se recusou a soprar o bafômetro. Tentou dizer que não bebeu só estava voltando de uma jantinha. Vocês sabem bem como é isso. É aquela conversa de cerca lourenço. Se ele fosse mineiro mesmo sapecava para o guarda: Seu guarda tomei umazinha só prá abrir o apetite. Cachacinha da boa, lá da fazenda do falecido Zé de Alencar. E eu não vô assoprar este trem todo babujado não. Assim teria ficado melhor. E dizem que só o Lula é chegado numa caninha. Tá bom! Me engana que eu gosto. Já enrolado com o bafo, a coisa começou a piorar quando viram que a carteira de habilitação do menino do Rio estava vencida. O trem entortou de vez quando pediram os documentos do jipão. Descobriu-se que o jipão não era dele. Era de uma tal Rádio Arco Íris Ltda, emissora da irmã. Porque que político tem sempre uma rádio ou TV no bolso ou à mão? Ora no nome de um parente ora no nome de um cabo eleitoral. Como nós não acreditamos muito neles. Só Deus acredita em tanta retidão e ética. É esta a miúda formadora de opinião? Dá para acreditar em isenção de jornalismo deste jeito? Vai se fazer o quê? Eu vou lê gibi.
Como o povo adora uma boa teoria da conspiração. No bar da esquina o Bonfante disse: Isto é coisa da esquerda cervejista. Ô raça! Lá no boteco do Zanela, ele já entrou para a família do Silvinho. Virou Aecinho Land Roover. Eu também tô querendo freqüentar meus botecos favoritos de Land Roover. Ô Souza será que a tua rádio não tem aí uma Land Roover prá emprestar para nós?
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