tag:blogger.com,1999:blog-38367751775624329972024-02-18T19:53:10.864-08:00José Antonio PereiraCataguases - MG - BrasilChicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.comBlogger125125tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-76263157600807062452017-04-09T11:50:00.001-07:002017-04-13T03:49:50.172-07:00Dória e os dorinhas<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><br /><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSOeNtCa0uTnmMi5FXUZiPqIhAIAgKEJDHgUFd66dVhYrspLkbsFOf4HwD2E78n6whi3qBWoz2xeUPmeJ3ebwBXw2zfJuMYv1LbPZVeG1dF-cl2ATrn_1y6Fp2vNaL5rIF-BtxRTUzkyZd/s1600/0%252C%252C68006633%252C00.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="220" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSOeNtCa0uTnmMi5FXUZiPqIhAIAgKEJDHgUFd66dVhYrspLkbsFOf4HwD2E78n6whi3qBWoz2xeUPmeJ3ebwBXw2zfJuMYv1LbPZVeG1dF-cl2ATrn_1y6Fp2vNaL5rIF-BtxRTUzkyZd/s320/0%252C%252C68006633%252C00.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
Nestes tempos de pós-verdades, eufemismo para lá de
chulo, em que a ponte para o futuro do transilvânico Temer, aquela que o
sociólogo de Higienópolis chamou de pinguela, não passa de um
túnel do tempo. Onde, a travessia é de hoje para o antes de ontem. Ocorreu-me lembrar da<b><i> Chiclete com Banana</i></b>, uma
HQ criada por Angeli. Angeli é um cartunista e quadrinista que está entre os meus autores favoritos. As tirinhas do
Angeli traziam personagens como Rê Bordosa, a junkie "porralouca" dos
anos 1980; os Skrotinhos, uma versão sacana dos Sobrinhos do Capitão; Rhalah
Rikota, o guru espiritual comedor de discípulas; o machão Bibelô; Rigapov, o
imbecil do Apocalipse; Bob Cuspe, o anárquico punk. Tudo isto naquele clima
cinzento de São Paulo lá nos anos de chumbo. Em 1985 a HQ publicou: <i>traços e tiques de um New Imbecil – NI</i>. Lá está entre tantas pérolas estas: <i>“.... Lavar pratos em Nova Iorque é o que há
de mais NI. No terceiro mundo sempre foi chic sofrer no primeiro. ... ....
Quanto à ferrenha ditadura que se implantou por mais de vinte anos em nosso
país, espalhando fome, desemprego, tortura e medo entre todos os cidadãos, os
NIs são taxativos: Foda-se! Fodo-me eu, foda-se tu, fodamos todos nós! ... .... Os NIs são, geralmente, do sexo
masculino. Existem garotas NI, é claro, mas são poucas e de fácil recuperação.
O mundo é das mulheres, êta nóis! ..."</i> </span><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;">Os NIs estão aí em pleno exercício de sua maturidade. São
os Olds Imbecis de hoje. OI não tem idade, velha é a sua imbecilidade.</span><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;">E nessa volta ao útero da ditadura, sonho de
vários imbecis, vão surgindo personagens políticos truculentos, ameaçadores,
que rezam pelas velhas cartilhas do nazi-fascismo. Verdadeiros OIs.</span><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;">Entre os OIs, brilha uma versão de Jânio Quadros em
tempos digitais. É a mais divertida aos meus olhos. Embora me pareça tão
perigoso quanto os raivosos. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDeb4_xW4xo1_nLDBvYV8Yo_OuFi22rGh_Cu4nDN5kWhKBy4RfBZnTzceJw6Gwbw0fbuxUfZIxqNd5e-WGOc0jRNd7P3O-pxF22x3rSMo8IYClWhmJF5fCwutRUnsN3zkKj3bxhiH5T8Yz/s1600/batman-66-08.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="128" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDeb4_xW4xo1_nLDBvYV8Yo_OuFi22rGh_Cu4nDN5kWhKBy4RfBZnTzceJw6Gwbw0fbuxUfZIxqNd5e-WGOc0jRNd7P3O-pxF22x3rSMo8IYClWhmJF5fCwutRUnsN3zkKj3bxhiH5T8Yz/s200/batman-66-08.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;">A figura do prefeito paulistano, vestida de verde e
vassoura na mão, lembra-me até nos traços físicos o Dick Grayson. Não prestei a atenção à turma ao seu entorno. Mas o mordomo Alfred,
consagrado pelo papel higiênico, o comissário Gordon e o chefe O’Hara devem, com certeza estar por perto. </span><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;">Não lembram do Dick
Grayson?</span><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;">Era aquele rapazola que se
transformava ao vestir um par de luvas, short e camiseta verde e um
coletinho vermelho, igual ao que a gente usava no Colégio Cataguases em
ocasiões solenes. Não lembraram ainda? Entre onomatopeias piscando se
caracterizava por iniciar suas falas com </span><i style="font-family: Timeless; font-size: 12pt;">Santa
…, Batman!</i><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;">É ele mesmo, o Robin. Burt
Ward era o ator. Ator que se parece com o videomaker compulsivo e
dublê de prefeito. Virou moda. É o que mais vem replicando país afora, a
prefeitada toda fantasiada varrendo rua, limpando monumentos e tome fotos e
vídeos, para um marquetizinho nas redes sociais. Até o nosso alcaide entrou na
onda. </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyP41JDREqJNli4KwlsviYnoBXX3qwKEXo_uwvbQ-v_CZ7QHKT-shWx8n7P2sCzs_ziemTe39yO8B8uSmU30OcksOm5Qpnjh-4DAieiCdfow95AaKU-jdyZ0iZqW4_j8TeutR4488ArHKy/s1600/IMG-20170227-WA0003.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyP41JDREqJNli4KwlsviYnoBXX3qwKEXo_uwvbQ-v_CZ7QHKT-shWx8n7P2sCzs_ziemTe39yO8B8uSmU30OcksOm5Qpnjh-4DAieiCdfow95AaKU-jdyZ0iZqW4_j8TeutR4488ArHKy/s320/IMG-20170227-WA0003.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto de Ronaldo Cagiano em Cascais - Portugal</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;">O burgomestre paulista em seus arroubos janistas vai pintando de cinza a cidade na
sua cruzada contra os pixos e apagando também os grafites. </span><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;">A cidade nesta operação retorno vai ficar com
cara de Gotham City. E o nosso Robin sem Batman vai protagonizando seu seriado
caipira-chique. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;">Fazer o quê?</span><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;"> </span></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-87162120662130339232017-02-19T02:18:00.000-08:002017-02-21T07:05:19.492-08:00Cadê meu vizinho paneleiro?<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"> Onde se meteu o Euclides? Está desaparecido a tempos. Lembrei
dele, enquanto tomava uma cerveja no bar do Zanela e a tv falava de mais uma
operação policial. Esta, alcunhada de Cui Bono, informava que um certo
ex-ministro, aquele mais gordinho o tal Geddel, integrava uma “verdadeira
organização criminosa”. A última vês
que estive com Euclides, só ele que falava. E eu já de saco cheio, para não discutir, comecei a cantarolar. Ele perdeu as estribeiras comigo. – Vou te cobrir
de porrada, seu comunistinha de merda! Filadaputa! O homem ficou possesso por
causa de um roquinho de nada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;">Euclides se encantou com uma turma que adotou a camisa da
seleção de futebol como farda, eu continuo firme com a do Galo, até da seleção
o galo vingador já ganhou. A turma do Euclides, abandonou o conforto de suas casas e do
ar condicionado e foi prá rua. Passei por eles num domingo à tarde na Chácara
Dona Catarina, lá perto da Estação. Meio sem jeito e empunhando um cartaz -
Fora Dilma! Ele tentou me arregimentar para a causa. – Vem
com a gente! Estamos na luta contra o roubo e a corrupção da quadrilha dos
esquerdopatas. Olhando para o grupo, onde
só se via os bem-de-vida da cidade. Retruquei, – Ôcrides! E você acredita mesmo
que tirando presidente resolve tudo! A presidenta não manda merda nenhuma cara. – Ela até que não rouba, mas é conivente com o roubo. Continuou ele. Antes que
o grupo se aproximasse decidi ir. – Tô vazando Ôcrides. Tenho coisas mais
importantes para fazer. Tchau! Cada vez que encontrava com Euclides, ele
estava mais cego; grudado no canal de notícias de sua tv por assinatura, dormia tarde. O papo dele encurtou totalmente, só falava de corrupção e a tal
da lava-jato. Ele não tinha outro assunto. Tornou-se monocórdio e ninguém
aguenta, muito menos eu, gente se repetindo o tempo todo. E o domingo do impedimento da presidente chegou. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;">Até aquele dia
Euclides infernizou a rua. Bateu panela noites e mais noites, de sua janela
xingava todo mundo que aparecia na sua tv falando contra o impedimento. Ele
quase saiu no tapa com um varredor de rua que se atreveu a falar que aquilo era
golpe. – Cê não vê televisão não? Seu tapado! Vai ver que cê também é comunista.
Reducionista, era desta forma que ele se dirigia a todos que insinuavam
desinteresse pelo assunto. O catador de
papel que percorre toda manhã as lixeiras da rua, morre de medo dele. Sai
correndo quando o vê. Mas no domingo do impedimento, parecia final de copa do
mundo. Ele meteu uma camisa nova da seleção, segundo um linguarudo lá do bar,
ele comprou em quatro parcelas lá na loja do Sinval. A cada voto sim, ele
soprava a corneta com muito gosto e da janela berrava, – Somos todos
Cunha! O domingo acabou com ele
comemorando longe da rua. Foi lá pro centro. Tornou-se insuportável para a vizinhança. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;">As coisas só acalmaram quando o vice assumiu interinamente o cargo. Eu estava no Zanela
tomando uma cerveja e ele apareceu. Sentou-se do meu lado no balcão e saiu com esta. </span><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;">– Aí Zanela, o
homem aqui anda amuado. Meteram o pé na bunda da presidanta dele. Eu tamborilava os dedos no balcão seguindo o
ritmo de um samba que tocavam na tv, devagar fui mudando o ritmo e comecei a cantar a
música dos Titãs</span><i style="font-family: timeless; font-size: 12pt;">. ... A Televisão... Me deixou burro... Muito
burro demais... Oi! Oi! Oi! ... Agora todas coisas... Que eu penso... Me
parecem iguais... ... É que a televisão...
Me deixou burro... Muito burro
demais... E agora eu vivo... Dentro dessa jaula... Junto dos animais... Oh! Cride, fala pra mãe!... Que tudo que a antena captar... Meu coração
captura... </i><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;">Alguns fregueses que já
estavam na bronca com ele embarcaram na provocação e passaram repetir. </span><i style="font-family: timeless; font-size: 12pt;">Oh!
Cride, fala pra mãe! ... A Televisão... Me deixou burro... Muito burro demais. </i><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12pt;">Se não fosse o Zanela, a turma do
deixa-disso e dois gatos pingados que tomaram partido de mim. Eu tinha apanhado
feio, tal era a raiva em que ele estava.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;">Durante um tempo cada vez que eu chegava no
bar, o Zanela me resenhava o tanto de bate-boca que rolava entre as correntes políticas
que frequentavam o bar. – Oh! Este negócio do Oh! Cride! Pegou em! O homem está
uma arara contigo. – Mas ele não é tucano? Retruca interrogativo Pelezinho, um dos dois
que tomara partido de mim no dia da confusão. E Pelezinho me pergunta de onde
os caras da banda de rock tiraram esta letra maluca. Explico a ele que: Oh!
Cride, fala pra mãe! Era um bordão usado
pelo humorista Ronald Golias. E a vida
seguiu. Nunca mais vi Euclides. Até a noite em que o ano já tinha virado e a
máquina de fazer burros, falava na tal operação Cui Bono. Aí me deram conta que
o meu vizinho Euclides, andava meio catatônico, tomando cartelas e mais
cartelas de remédios contra a depressão. Para a turma que se arvorava em paladinos
da ética, deve ser duro ter que fazer olhos de mercador para quem anda dando as
cartas no poder em Brasília. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;">A mídia, que até outro dia batia bumbo junto com a febre
amarela que tomara as ruas, está dopada. O povo tinha um caráter cristão que
foi atirado para o alto. Nem a erupção da barbárie, o banho de sangue e as
degolas nos presídios, não desperta compaixão. Ver um membro do governo
aplaudir matança é cruel. É inaceitável
Euclides! Largue seus antidepressivos e vem ver o trem sem rumo em que sua
panela nos meteu. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-34430881559084111892017-01-22T17:06:00.000-08:002017-02-11T08:03:30.035-08:00Os topes mexicanos e (ou) as nossas burrices<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><b> O penoso 2016 não tinha chegado ao fim quando li um artigo
do jornalista Damien Cave do New York Times na internet – <i>O simbolismo dos topes mexicanos</i>. Os tais topes não é uma praga
apenas mexicana, quem anda por aqui também as conhece e muito bem. Não dá nem para
pensarmos em fazer galhofa com os mexicanos sobre estas absurdas construções.
Esta estupidez, também faz parte das nossas paisagens. No artigo
o jornalista diz: – <i>A enésima vez que um
tope raspou o fundo do nosso Volkswagen, comecei a praguejar como se um
caminhão tivesse nos atingido. Não havia nenhuma sinalização para alertar a
proximidade da montanha, por isto bati nela a toda a velocidade. Seu tamanho
afetou meu veículo e pelo espelho retrovisor, pude ver as linhas profundas que
haviam deixado o chassi do meu carro e de muitos outros antes de mim. Acaso o
projetaram mal? Foi um erro? Esperemos.<o:p></o:p></i></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><b>Estas aberrações, hoje fazem parte da paisagem urbana de
Cataguases. Na minha adolescência isto era inimaginável. Mas o que é um tope? Então continuemos com o Damien: – <i>Existem milhares, talvez milhões, destas
deformações nas estradas rurais e rodovias em todo o México. Os maiores parecem
esculturas de Fernando Botero antes de começar a fazê-las mais finas. Em toda a
América Latina existem estes redutores de velocidades que recebem nomes
pitorescos como "badenes" (Espanha), "lomo de burro"
(Argentina), "policías muertos" (Panamá), " rompemuelles"
(Peru) e " policías acostados" (Colômbia e Venezuela).<o:p></o:p></i></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><b>Entenderam? O diabo do quebra-molas não é privilégio da
incompetência de nossos políticos nem de nossa falta de educação. É apenas mais
uma demonstração do que nos nivela, e por baixo, em nosso terceiro-mundismo
latino americano. Continuamos pobres em tudo e de tudo. Voltando ao texto do Damien: – <i>Quando eu vim para o México como correspondente
do The New York Times, eu pensei que os “topes” eram infrequentes e raros. Mas
ao longo do tempo, surgiram vários significados, como acontece com muitas
outras coisas no México.</i></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDJrJAxeUpSnxNPq776oQRRH4_TzxYiYvNJgSnMuMARDhLbR-MQ9jyImNL1QRfMogRnPx6XE5bxWeXgY0AaCTmQ89chM8RnbMn0f4CEfDCgHpjPUWPrlDfWgzBpH18x4RBx5DfFswdmhIb/s1600/quebra+molas+raspados.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDJrJAxeUpSnxNPq776oQRRH4_TzxYiYvNJgSnMuMARDhLbR-MQ9jyImNL1QRfMogRnPx6XE5bxWeXgY0AaCTmQ89chM8RnbMn0f4CEfDCgHpjPUWPrlDfWgzBpH18x4RBx5DfFswdmhIb/s320/quebra+molas+raspados.jpg" width="320" /></a><b><i></i></b></div>
<b><i><o:p></o:p></i></b><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><b>Os topes são
maravilhas que destroem suspensões e preenchem um vazio da lei e da ordem. Num
país onde a regra é a impunidade, os topes são gritos de frustração. Eles são
um meio para impor controle de velocidade e civilidade nas ruas, e não é possível
evita-los. Não é possível suborna-los para que façam vista grossa.<o:p></o:p></b></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><b>Mas, voltando aqui para as nossas misérias e nosso
subdesenvolvimento. Lembrei-me de um amigo reclamando de uma viagem entre Juiz
de Fora e o aeroporto em Goianá. </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><b>–
Putaquepariu Zé! Ainda dentro de Juiz
de Fora passei por vários quebra-molas. Na estrada, resolvi contar, depois do
trinta, cansei. E ainda estava longe do Aeroporto. Quem foi o imbecil que
inventou esta porcaria? <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><b>Em Cataguases, de uns tempos para cá, alcunhados de faixa
para pedestres, proliferou uma grande quantidade destas porcarias. Feitos de
pequenos blocos de concreto eles destoam completamente dos paralelepípedos de
granito que historicamente pavimentam as ruas da cidade. Quem, como eu, nunca
foi a Paris, mas assistiu a algum filme que tem a cidade luz como cenário já
viu que ela em seu centro histórico e boa parte de seus cartões postais é toda
pavimentada com paralelepípedos, como as nossas ruas o são e sem quebra-molas
travestidos de faixa para pedestre. </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="font-family: Timeless; font-size: 12pt;">No meio disto tudo me veio à mente algumas viagens pelas
poeirentas estradas da minha infância. Ao lado de uma porteira era comum estar
o mata-burro. Nome muito próximo a “lomo de burro” que, segundo Damien, os
argentinos usam para estes cretinos redutores de velocidade. Do mata-burro ao
quebra-molas, não sei não. Estou achando que nos emburrecemos, e muito. </b></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-74139584462055783662016-12-31T02:16:00.000-08:002017-02-11T06:38:20.820-08:00A mula com cabeça<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"> <b> – Cê acredita em mula com cabeça? Olha ela aí!
Era assim que o meu pai, se referia a todas as burradas de adolescente em
que eu me metia. Aquela fase da vida em que a gente comete os desatinos mais
despudorados com a maior das inocências. E eu as cometia às mancheias, eram
tantas que minha mãe mesmo católica fervorosa, não perdoava. – Mais uma ideia
dos infernos. Ô burraldo! E tome
chineladas no meu traseiro. Já adulto, quando me via enrascado em algum ato impensado,
lembrava do meu pai. Ele, sempre de bom-humor, chamando a atenção aos meus
erros mais grosseiros, as burradas. Aquelas que, tempos depois, te matam de
vergonha. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><b>Tudo isto veio à tona quando me deparei com uma carcomida
balzaquiana metida em professorais óculos de aros largos, cabelos pintados, não
sei se de ruivo ou acaju. Ela entrou pela minha casa adentro, brotou num vídeo
que chegara pelas redes sociais. Num tom grave, afirmava que o país precisava
de uma intervenção militar institucional.
Firmei os olhos sem acreditar no que ouvia, – <i>cena nojenta, a nossa bandeira com o símbolo vermelho</i>... numa
alusão a uma suposta armação comunista para alterar a bandeira brasileira. Ainda
meio incrédulo pensei alto. – Isto é coisa de doente ou de demente. O vermelho era um círculo, o simbólico sol
nascente dos japoneses. Sem entender chongas do simbolismo em comunicação
visual, a errante assombração denuncia uma sinistra conspiração, <i>– Preparem-se brasileiros... você que ainda
não se deu conta... a bandeira não será mais como a conhecemos...</i> <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;">Sinto-me estranho, perdido, no meio desta esquizofrenia
toda que assola o país. E, aquilo ali era isto. Envergonhado com tamanha
ignorância, desliguei o computador e deixei-me cair no velho sofá, lembrando do
roqueiro Raul Seixas, <i>...parem o mundo
que eu quero descer por que eu não aguento mais</i>... Isto pira, enlouquece. Numa lavagem cerebral à
jato, nos servem cotidianamente não o remedinho controlado, mas descontroladamente,
doses e mais doses das contraditórias mensagens da sociedade de consumo. A
maluca parece não conseguir compreender a diferença entre forma e conteúdo de
um simples painel comemorativo. E a hora que ela encontrar com bandeira de Minas Gerais? Vai delirar como se tivesse queimado um
baseado. Tremenda mula com cabeça. </span></b><br />
<b><span style="font-family: "timeless"; font-size: 16px;">– Vai. Vai assombrar outro, vai!</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtFf8wlOq1Xq54uiPEFa1o7tN8KWHVxMEkRTnMVgxDPGtwwVTojgWeCd6rJvdNjLxz1IGfD4EQzsNEEx3Ew7d8Ty8jyUeG2SuIBM1pkPw9Al55bcF_XgSvBh5ogjnBmc1QFhV8TW4InkwR/s1600/brasil-japao.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; display: inline !important; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtFf8wlOq1Xq54uiPEFa1o7tN8KWHVxMEkRTnMVgxDPGtwwVTojgWeCd6rJvdNjLxz1IGfD4EQzsNEEx3Ew7d8Ty8jyUeG2SuIBM1pkPw9Al55bcF_XgSvBh5ogjnBmc1QFhV8TW4InkwR/s1600/brasil-japao.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-40719023364128704052016-12-28T05:43:00.001-08:002016-12-31T02:16:15.396-08:00<a href="http://chicoscataletras.blogspot.com/2016/12/chicos-47.html?spref=bl">Chicos - Cataletras: Chicos 47</a>Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-66681716579051262222016-09-18T05:02:00.000-07:002017-02-10T10:47:07.701-08:00Anjos Marginais <div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "timeless";"> </span><b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> O
amigo Vicente Costa é um fotógrafo que adora a cena rural, vive rodando pelas
pequenas e esburacadas estradas do entorno da cidade à cata de boas imagens. Já
engoli muita poeira em uma ou outra destas andanças por aí, acompanhando-o. Na área urbana ele está sempre pelos brechós,
velhas oficinas, lojas de móveis usados e ferros-velhos da cidade, remexendo objetos que o olhar de fotógrafo vislumbra alguma nova possibilidade. O
Welington Babalu diz que ele é como o Pury; são artistas, barganhistas e
reviradores de sucata. Nestas rondas, ele acaba conhecendo figuras que têm
olhares surpreendentes sobre coisas que a cidade descarta, atirando ao lixo ou
abandonando pelas ruas e calçadas e até nos rios. Numa ocasião ele me levou à casa de Getúlio.
Este mora num beco, lá pelas bandas da Vila Tereza, que termina na margem do
Rio Pomba, bem ali onde outrora, o rio dividia-se em dois formando a Ilha de
Santa Helena. Enquanto Vicente o chamava, eu olhava uma velha moto abandonada, suponho o imenso trabalho para levá-la até ali. O homem surge atrás
de uma fresta de porta aberta, olhar arredio, barba grisalha, jeito tímido,
lembra-me um beato da caatinga nordestina em tempos de cangaço, imagem que frequenta minha
imaginação desde a adolescência. Atende-nos de forma
reticente, é visível que não quer ser importunado por um estranho como eu.
Parecia proteger dos meus olhos um imenso tesouro. Vicente que já estivera na
casa noutras ocasiões, já me descrevera o interior da casa. Segundo ele, é totalmente
ocupada por peças que ele recolhe pelas ruas, formando um labiríntico emaranhado. Getúlio em seus hábitos noturnos,
roda a cidade, mergulhada em seus silêncios, recolhendo coisas que encontra
pelas ruas e lixeiras. <o:p></o:p></span></b></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;">,<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBSdpEQRiO9bglTUSFhyiVNWsPEYBcRde_64yOhq_6hOM7Tp6et8HRV_nQ0id5Xz_dVut-58EbHnYq2bJd__AzlbJ3otlE5Rujl1J5VShkt-puOkUF6vyVGWvMuXdqWYDFOtIzFXoJmcBA/s1600/Gabriel2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBSdpEQRiO9bglTUSFhyiVNWsPEYBcRde_64yOhq_6hOM7Tp6et8HRV_nQ0id5Xz_dVut-58EbHnYq2bJd__AzlbJ3otlE5Rujl1J5VShkt-puOkUF6vyVGWvMuXdqWYDFOtIzFXoJmcBA/s320/Gabriel2.jpg" width="304" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Acervo de Vicente Costa</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Certa tarde, encontro-me com o amigo fotógrafo no boteco do Sebastião Cançado. – Zé você precisa conhecer o Gabriel, o cara é interessante. Ele tem
um barco e vive da cata de objetos atirados ao Rio Pomba. O quintal da casa
dele está lotado. Tem cada coisa que você nem imagina. Num domingo, aventurei-me atrás do Vicente numa
visita ao Gabriel. A data precisa não lembro mais, foi lá por volta de 2002. Passamos algumas
horas no quintal dele conversando e eu observando o absurdo de materiais separados e organizados,
numa área bem grande que finda junto ao barranco que beira o rio Pomba. Ali,
amarrado num toco, flutuava um barco azul.
<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Gabriel é um catador de ferro velho diferente.
Barqueiro, deslizava pelas águas do Pomba recolhendo plásticos, latas,
colchões, móveis, madeiras de todas as formas e tamanhos. Em seu quintal até
uma maca de ambulância dormitava entre os objetos retirados do rio. Ele descrevia os bichos que ainda habitam as poucas margens do rio ainda sem cercas e lixo, seus
olhos brilhavam enquanto nos falava de lagartos, cobras, capivaras, peixes e aves com
os quais conversava durante suas andanças pelas águas. Messianicamente ele conduzia sua vida numa
interação apaixonante com o Pomba, um Quixote em pleno terceiro milênio,
acredita piamente no rio e nos animais que vivem nas suas águas e suas
barrancas, carinhosamente dialoga com seus companheiros que habitam este
manancial de vida. A cidade trata os
dois com a mais absoluta indiferença, mas ele não se importa, para ele o que
importa é o rio, sentimos nele a temperança, a sensatez, o conhecimento justo
das coisas, a indignação sem dogmas dos prudentes enfim a sabedoria que só os
especiais alcançam. Gabriel, como Getúlio, são anjos que à margem do rio guardam
o já desfalecido Pomba. </span></b></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-88578083252067793792016-05-15T13:43:00.000-07:002017-02-10T10:50:32.324-08:00A laranja mecânica e o tico-tico-no-fubá<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEcHXD96qcRhVYAmVIPklJXFBFPbzQnsgy3Azx8wZkP-rkALoAb76nHv1B8IzEdr9PkRWJzds1PYGfXRpgxFd4mflSDL0yKdsHhfwj5gOxTXWs0yFkxgy6PYfZfSe11SFVjyV7jf-DCsHQ/s1600/MAM-RJ-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="140" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEcHXD96qcRhVYAmVIPklJXFBFPbzQnsgy3Azx8wZkP-rkALoAb76nHv1B8IzEdr9PkRWJzds1PYGfXRpgxFd4mflSDL0yKdsHhfwj5gOxTXWs0yFkxgy6PYfZfSe11SFVjyV7jf-DCsHQ/s200/MAM-RJ-1.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="Padro" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 5.0pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="Padro" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 5.0pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b> </b></span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b> Corria o ano de 1974, eu migrara para o
Rio de Janeiro no início de 73. Como vários amigos, eu buscava trabalho e
estudos. Caipira inocente
entusiasmei-me com a cidade-estado. O Rio era a capital da Guanabara. Sem </b></span><b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">grana, batendo canelas por todos os
lados, acabei encontrando os eventos gratuitos do MAM, Sala Cecília Meireles e
Salão Leopoldo Miguez; nestes espaços as artes borbulharam minha cabeça de
interiorano. Como poderia ter dito Graciliano Ramos, me desentopeiraram. Quando a grana
permitia, aventurava-me pela geral do Maracanã para uma partida de futebol.
Entre uma refrescada e outra pelas praias descobria os prédios do centro.
Nestes prédios a corte imperial criou muitos mau-costumes. </b><b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">A república os
enraizou e são mantidos até hoje nas franjas do poder. Basta olhar a quantas
anda a corrupção e a falta de caráter dos políticos em Brasília. No ano da minha
chegada, as obras do metrô iam naquela marcha lenta típica de obra pública. </b><b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">O
seu traçado fora </b><b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">alterado para não afetar as fundações do Palácio Monroe. A</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">pesar disto, numa campanha capitaneada pelo O Globo, pedia-se a demolição do
antigo Senado. Alegavam que além da estética ele atrapalhava o trânsito. O
prédio da Praça Mahatma Gandhi foi ao chão sem a menor piedade. Era o mandarinato
dos Marinhos, acólitos e sócios dos ditadores, se fazendo presente. Em quinze de março acabara o mandato do
general Médici, responsável pelo período mais duro da ditadura.</span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgG1TyaDzNKbtS7iKU2_dbQMyT-MsYmuXD-3qqeMfFME93LeAva3YJYLAm-9u6qfcd5GLDofn3aA4LcgaoNQf56QmwRNfFio61mB_apj5VPu4HhWb3HJ3LFcX5kAGbsmyg4L-5s4Lq6SGCD/s1600/rio+70.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify;"><img border="0" height="132" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgG1TyaDzNKbtS7iKU2_dbQMyT-MsYmuXD-3qqeMfFME93LeAva3YJYLAm-9u6qfcd5GLDofn3aA4LcgaoNQf56QmwRNfFio61mB_apj5VPu4HhWb3HJ3LFcX5kAGbsmyg4L-5s4Lq6SGCD/s200/rio+70.jpeg" width="200" /></a></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> Já que a repressão era dura e a censura
corria solta, o único assunto que todos compartilhavam sem o menor receio era
futebol. E olha que até nisso os ditadores metiam o bedelho. Médici, em 1970,
mandara a CBD escalar Zagalo no lugar de João Saldanha e convocar o Dario do
meu Galo para o ataque. Só se falava
dos preparativos da seleção e o campeonato carioca. No torneio, o grande time
do ano era o América e o Luisinho seu artilheiro. E lá estavam, além do
América, Bonsucesso, Madureira, Campo Grande, São Cristóvão, Portuguesa,
Olaria, Bangu e os quatro ditos grandes. O único campeonato estadual que só
tinha times da mesma cidade. A seleção
era comandada pelo pão-duro e supersticioso Zagalo, cercado de amuletos e
manias, incluindo uma fixação pelo número 13, até nós achávamos aquela seleção
imbatível. O Brasil deitara na fama de ter conquistado definitivamente a Taça
Jules Rimet, posteriormente roubada e derretida. A grande sensação do futebol
mundial era o Carrossel holandês comandado pelo Cruyff, morto recentemente,
mereceu até a afirmativa do jornal L’Equipe, “Johan Cruyff era como os Beatles
ou os Rolling Stones”. Além do futebol,
Amsterdã, a capital, despertava em nós uma grande admiração, pelo modo de vida
que oferecia aos seus; as ideias, as práticas contemporâneas e a liberdade. Era
o <i>magisch centrum</i> (centro mágico) da
Europa. </span></b><b>Uma espécie de paraíso na trilha dos hippies europeus. Centenas deles se apropriavam de praças e parques para
consumir maconha sem repressão alguma.</b></span></b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJXWZLOSElotz-lZlQ9wIp3qD0FzpUURJfMP-wHeTYQmEf10K_rstYowjifnygc8SA4NbL_vvA2SKrCGgih1seIbX2gIj5CbUNFb3iypXy3lsCIYbiYSuXmWNbrZ_AmD-jQHy912jruI4k/s1600/amsterdam9.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="153" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJXWZLOSElotz-lZlQ9wIp3qD0FzpUURJfMP-wHeTYQmEf10K_rstYowjifnygc8SA4NbL_vvA2SKrCGgih1seIbX2gIj5CbUNFb3iypXy3lsCIYbiYSuXmWNbrZ_AmD-jQHy912jruI4k/s200/amsterdam9.jpg" width="200" /></a></b></span></b></div>
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>
E
nós, quanto a liberdade, nem votar podíamos. Perguntaram ao Zagalo o
que ele achava da Holanda. Ele no maior salto alto: – A Holanda? Um bom time, nada
especial. Seu ataque não finaliza bem. Joga um futebol meio na base do
tico-tico no fubá. Já na
Alemanha antes de enfrentá-la na semifinal da Copa, voltou a arrotar sua
arrogância: – O time deles é bom, mas
os holandeses não têm tradição em Copas e isso pesa. A Holanda não me preocupa.
Estou pensando na final com a Alemanha, e voltou a repetir, A Holanda é muito tico-tico-no-fubá, que nem
o América dos anos 50. </b></span></b><b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Derrotado por 2x0,
admitiu: – Perdemos para uma grande equipe. ” A vitória da Laranja Mecânica
sobre o tricampeão do mundo foi o feito que faltava para o futebol total. O Zagalo, pontinha ciscador, este sim um
verdadeiro tico-tico no fubá, deu uma de inhambu piando em festa de jacu. Tomou
um baile da Laranja Mecânica. </b><b><i><o:p> </o:p></i></b></div>
<div class="Padro">
<o:p></o:p></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-89516858989909941102016-04-24T11:43:00.000-07:002017-04-29T04:54:33.671-07:00De como deixei de ler jornais <div class="Standard" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> Por estes dias, em que o país
mergulhou na enésima crise política de sua história, conversava com um primo
curitibano. Temos visões e concepções diferentes, mas nos respeitamos e por ele
tenho um enorme carinho. Sou um democrata forjado na adversidade da ditadura,
por isto prezo, e muito, a diversidade e a liberdade. Como ele, meu filho
Gabriel formou-se em comunicação social. Um velho amigo formado nos anos setenta,
sempre me dizia: “Zé, se você fizer um curso de jornalismo, nunca mais você lê
jornal”. Falta honestidade e equilíbrio nos pauteiros e pautados das redações, na narrativa de pauta única que a imprensa brasileira vem construindo.
O episódio da demissão da jornalista Barbara Gancia pelo Johnny Saad mostra a
quantas anda a liberdade de expressão, nas redações. Liberdade mesmo, é só nas
ruas. Estamos todos carentes da boa e velha poesia. Ela está
ausente dos atos e da vida do mundo todo. Isto nos desumaniza, imbeciliza e surgem os diabólicos donos das verdades. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="Standard" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Aprendi,
com o linguista Gilberto Scarton: <i>“Que a leitura nos permite uma reação ao
texto, levando-nos a concordar ou discordar, decidir sobre a veracidade ou a
distorção dos fatos, desmantelando estratégias verbais e fazendo a crítica dos
discursos - atitudes essenciais ao estado de vigilância e lucidez de qualquer
cidadão; que a escrita é um instrumento de luta pessoal e social, que, quando
as pessoas não sabem ler e escrever adequadamente, surgem homens decididos a
fazê-lo por elas e para elas. Por isso a linguagem constitui a ponte ou o arame
farpado mais poderoso para dar passagem ou bloquear o acesso ao poder”. </i><o:p></o:p></span></b></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyi8YlYTWOcT4SOkZV49NVYJpgbIwK9pG1bM5b7HklAjSsWGYiBPoodv0WIl0MeoBixsaEiO1dqYDNXTGaOQl0utDPb0LxWNL0B1nQoWhvXVEmbYvT52zhbl48DGBnbn7D4SWXwPzfYhnJ/s1600/14057329377_4ff8dfba92_z.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyi8YlYTWOcT4SOkZV49NVYJpgbIwK9pG1bM5b7HklAjSsWGYiBPoodv0WIl0MeoBixsaEiO1dqYDNXTGaOQl0utDPb0LxWNL0B1nQoWhvXVEmbYvT52zhbl48DGBnbn7D4SWXwPzfYhnJ/s320/14057329377_4ff8dfba92_z.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Aubervilliers - mai 2014 - Jeff Aerosol</td></tr>
</tbody></table>
<div class="Standard" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O
velho amigo, meu filho e o grande Gilberto Scarton me fizeram trocar em definitivo a realidade falseada da mídia pela ficção realista da
literatura. Na literatura, foi Graciliano Ramos e suas dolorosamente cruéis e
sinceras <i>Memórias do Cárcere</i>, que
despertou em mim o interesse pelo memorialismo. Quem solidificou este interesse
foi o juiz-de-forano Pedro Nava. Ele produziu a obra memorialística mais
importante da literatura brasileira. É um mergulho no inconsciente coletivo
brasileiro. Seu livro <i>Baú de ossos</i>,
segundo Otto Lara Resende, sozinho “funda toda uma cultura” deu-me o que
toneladas de jornais nunca darão. Faz muito </span></b><b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">tempo o amigo Emerson Teixeira
Cardoso, sugeriu-me ler Pedro Nava, o que recomendo a todos. Ele
tem gosto pela temática e seus autores; é capaz de, com entusiasmo, falar-nos
de coisas como o ambiente pecaminoso e sem escrúpulos dos internatos masculino
de <i>Balão Cativo</i> e <i>Chão de ferro</i> do Pedro Nava e do <i>O Ateneu</i> de Raul Pompéia. Segundo Emerson a fieira de autores é
grande, vem desde Visconde de Taunay que escreveu sobre os absurdos e
atrocidades da Guerra do Paraguai. Até mesmo Machado de Assis com <i>Memórias póstumas de Brás Cubas</i> e <i>Memorial de Aires</i>, </span></b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>nos permitem andar pela história tanto quanto obras como</b></span><b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> <i>Itinerário de Pasárgada</i> de Manuel Bandeira; <i>Um homem sem profissão: Sob as ordens de mamãe</i> de Oswald de
Andrade; <i>A idade do serrote</i> de Murilo
Mendes; <i>Viagem no tempo e no espaço</i>,
de Cassiano Ricardo. </span></b></div>
<div class="Standard" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A
literatura ensinou-me muito mais do que vários professores que passaram pela
minha vida e olhe que muitos eram ótimos. Mostraram-me as diversas realidades
do país. A realidade de Itaobim, onde
nasceu meu pai, a de Cataguases, onde nasci, e a de Curitiba, onde nasceu meu
primo (só para ficar entre nós), são distintas e até divergentes, são horizontes de vidas muito diferentes. As visões de Brasil serão, no mais das vezes, conflitantes. Nossos espasmos
democráticos não resistem às mesquinharias de nosso anacronismo político, eles
teimam em não evoluir, turbinados por uma histórica e resiliente burrice. Mesmo
porque os detentores do poder não querem mudar nada. Não dá para ficar preso neste discurso do
sim-não, certo-errado, black-white. Isto é reducionismo. A nossa diversidade é
enorme. Somos enquanto raça: brancos, pretos, amarelos e mestiços. Até os
gêneros não cabem mais no binário masculino-feminino. Infelizmente a mídia monocórdica retrata uma
realidade filtrada, é só o que o dono da pauta quer que o leitor veja. E o
leitor só compra o que repete seu olhar. Não gostam de ser confrontados
com o novo, o diferente. Preferem, como bem dizia Raul Seixas: "ter aquela velha opinião formada sobre tudo". </span></b></div>
<div class="Standard" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Eu não
quero viver dentro deste círculo.</span></b></div>
<div class="Standard" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<o:p></o:p></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-23990299561570275082016-04-17T09:57:00.000-07:002016-05-07T10:39:16.482-07:00Anotações sobre: “Eles não moram mais aqui”<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUXFYt5HLSU8rltJNhBSwH1xl-XEtrPIcDb1ms1CFAr6SRW0kLT-6fL0qTYsSxNiDUDsetyPbqhUa4JDz2wZX-KqPbLCT13x68ArYq5AEyHVzhyphenhyphenRttuwdWv8G9vuFSdG4I0S5l8GWUC7ao/s1600/IMG_20160417_0001.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUXFYt5HLSU8rltJNhBSwH1xl-XEtrPIcDb1ms1CFAr6SRW0kLT-6fL0qTYsSxNiDUDsetyPbqhUa4JDz2wZX-KqPbLCT13x68ArYq5AEyHVzhyphenhyphenRttuwdWv8G9vuFSdG4I0S5l8GWUC7ao/s320/IMG_20160417_0001.jpg" width="216" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i> </i><b><i><span style="font-family: "georgia" , serif;">Eles não moram mais aqui... </span></i><span style="font-family: "georgia" , serif;">O
título, que parece definitivo, já na primeira linha do primeiro conto traz de
volta os personagens à cena. <i>..., mas aparecem todos os finais de semana,
... </i> Imediatamente na narrativa brota Brasília: <i>a imensa ilha cujo mar é o céu infinito,
pássaro nascido da prancheta, com suas enormes asas abertas sobre o cerrado.</i> Noto, que ao longo da obra de Ronaldo Cagiano,
Brasília está sempre presente. Ela é bela, mas aparece como um lugar árido e
sem alma. E ele parece ancorar suas aflições de alma nos horizontes ondulados
de suas montanhas mineiras, uma espécie de volta ao útero. Este também não lhe
é mais um porto seguro. Na perspectiva sem umidade da capital federal,
Cataguases e seus rios e sua infância é seu ponto de fuga.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><b>No meu
imaginário, não conheço a cidade, a capital federal do autor é uma jovem arrogante. O cimento
ainda é o original, a argamassa ainda é a primeira, as paredes ainda cheiram o
suor dos candangos. É aquele lugar, que
ainda não sofreu os reveses que consolidam a identidade humana das cidades. Estas se reconstroem sobre os escombros, tanto do progresso quanto das catástrofes que
a natureza impõe à sua geografia. Para ficar num lugar comum entre nós
cataguasenses; - Brasília nunca sofreu uma enchente. Ronaldo</b></span><b style="font-family: Georgia, serif;"> Cagiano é hábil em trazer à tona as contradições que habitam o fundo da alma do ser
humano. Ele vai da vida solitária nos apartamentos-clausuras dos repetitivos
blocos de Brasília, onde relacionamentos fragmentados sufocam os personagens
numa lenta agonia; à submissão resignada dos tecelões da pequena Cataguases, onde
vidas sem perspectivas estão presas aos grilhões de </b><b style="font-family: Georgia, serif;">abusos de toda ordem. Nenhum personagem consegue escapar deste
emaranhado de vidas em seus opressivos lugares.
Não há concessão, nossas incompletudes estão expostas, não haverá
salvação alguma. </b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><b>Como um
irrequieto migrante o autor peregrina pelo mundo, mas sua geografia são as
montanhas e rios da infância, o cerrado e hoje, o concreto do planalto paulista.
O último conto traz um ritmo e uma forma que as andanças pelas metrópoles
imprimem à escrita do autor. Travessias, conto a que me refiro, traz em seu
bojo a frase: <i>No abril em que me espelho,
o amor parece sair de moda</i>.... Estou cá, rabiscando estas anotações num
abril em que o país parece despedaçar-se em radicalismos golpistas em que a
agressividade é a face visível da estupidez e ignorância, tudo dentro de uma
narrativa inescrupulosa dos detentores do poder de fato. Cagiano termina o
conto com uma</b></span><b style="font-family: georgia, serif;"> interrogação: <i>Como inventariar
o caos nesse difuso concerto para arranha-céus? </i> </b><span style="font-family: "georgia" , serif;"><b>Concerto para arranha-céus, </b></span><span style="font-family: "georgia" , serif;"><b>alias </b></span><b style="font-family: georgia, serif;">titula um de seus
livros. Lá está um, que é a cara de Brasília nestes dias de abril - <i>WWW.GENTEORDINARIA.COM.BR.</i> </b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: x-small;"><b>Nota:
Não sou crítico. Sou apenas um leitor. Estas
anotações são coisas de leitor besta. </b></span> <o:p></o:p></span></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-76415452149566732942016-02-21T03:51:00.001-08:002017-02-11T06:39:50.682-08:00O Estudibeique do Estainbeque<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b> A algum tempo... Num destes domingos, em que pela manhã corre a fórmula um, sentado ali no bar da esquina para uma
cerveja matutina, escuto alguém comentar - <i>Estas corridas, depois da morte
do Sena não tem mais tesão!</i>
Comentários diversos sobre a monotonia, já que só dá o alemão. Viajo na minha maquina do tempo, a já
vacilante memória, cheia de atos falhos, mais parecendo um forde vinte nove. Um
amigo engenheiro me disse que é pane neuroelétrica, por falta de oxigênio.
Lembro deste país, parando aos domingos pela manhã para assistir o Sena; era
exatamente tal e qual o alemão hoje.
País incompetente é assim mesmo, orgasma da espasmódica competência de
um ou outro de seus filhos, que feito cometa brilham de tempos em tempos. A minha maquininha do tempo esquadrinha
oscilante os dois tempos, o ontem e o anteontem. Lembro-me de uma afirmativa de Jon
Estainbeque, aquele escritor que dizia - <i>o homem moderno é constituído de
cabeça tronco e automóvel</i>, desfilando pelas ruas de Noviorque num possante
Estudibeique, e antes que um amiguinho mais letrado me corrija. Já vou logo
assumindo. Se para desespero do Olavo
Bilaque, já maltrato inculto a última flor do Lácio. Imagina o que não faço com a dos saquições Sendo de fato um analfabeto funcional em
português imagine em inglês. Mas o que
me preocupa nesta afirmativa é minha atual situação. Não tenho carteira de habilitação, nunca
tive automóvel, portanto sou um despossuído de tão invejado membro
inferior. Cantarolando aquela musiqueta
<i>Cadê meu simca chambord,</i> capítulo primeiro do nosso milagre econômico, a
maquininha me faz dar uma passada, pela manhã de sábado paulistano, num bairro
que morei, vejo os jovens lavando seus carros, com aquela delicadeza que se
dedica a uma bela mulher numa banheira de espuma, o duro é relembrar aquele
roque pesado, quase troglodita, que nos estupravam os ouvidos a manhã inteira, naqueles toca-fitas ruins. Mas o terrível neste mundo pós-moderno é
que na evolução do conceito estainbequiano o homem hoje é constituído de
lapitopi, nomezinho besta até para burrice artificial, por enquanto tronco, e
automóvel, se bem que tem uns pernetas que preferem uma moto. Eu que já era só
cabeça e tronco agora vou ficando reduzido só ao tronco. Num surrealista
delírio etílico surge na rua do sobe e desce um estudibeique, para em frente a
mim, e o Estainbeque em pessoa me convida para uma volta pela cidade, quer que
o guie pelas ruas para conhecer as trilhas dos modernistas de vinte e
tantos. Alguém me cutuca e curtocicuita
a maquininha. É o Vanderlei Pequeno, velho
companheiro de copo, militância e rabiscaria.
Estainbeque e o estudibeique são deletados. </b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><br /></b></span>
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: x-small;"><i>Publicado em "A Casa da Rua Alferes e outras crônicas"</i></span><b> </b></span><o:p></o:p></div>
</div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-51993336213276607052016-02-06T05:28:00.001-08:002016-05-03T04:29:21.041-07:00Anotações sobre: “Um chão de presas fáceis” de Fernando Fiorese<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwZMQ5Cma7Ca93QkJ_l2zSOvhKGBLJUNAFySWtwYbaLeFGpHE58UTJnho5s3APXaRVPwNXo0qLoRYICGIQnw1Eih47mxpgcz0VdIzSNLiENMcpfeTbqdxpEE2vAtKlAKi-FOy70dk1qP6j/s1600/Livro-Um-ch%25C3%25A3o-de-presas-f%25C3%25A1ceis-Fiorese-Foto-Divulga%25C3%25A7%25C3%25A3o-199x300.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwZMQ5Cma7Ca93QkJ_l2zSOvhKGBLJUNAFySWtwYbaLeFGpHE58UTJnho5s3APXaRVPwNXo0qLoRYICGIQnw1Eih47mxpgcz0VdIzSNLiENMcpfeTbqdxpEE2vAtKlAKi-FOy70dk1qP6j/s320/Livro-Um-ch%25C3%25A3o-de-presas-f%25C3%25A1ceis-Fiorese-Foto-Divulga%25C3%25A7%25C3%25A3o-199x300.jpg" width="212" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b> Em 12 de dezembro de 2015,
Fernando Fiorese participou da Semana Augusto dos Anjos, lá na antiga casa do
poeta em Leopoldina - MG, onde falou-nos da poesia do Augusto. Foi ali que
conheci pessoalmente o autor de “Um chão de presas fáceis”, nesta mesma noite
este veio às minhas mãos. Romance
interessantíssimo; é uma narrativo-caminhada pela BR-116 em seu trecho mineiro.
Quem já percorreu o trecho sabe que os sotaques baianos e cariocas convivem e
dialogam ao longo da estrada no falar dos mineiros da região, até isto brotou
em mim durante a leitura, o que dá um sabor bastante original. No sentido norte-sul da velha Rio-Bahia o
livro percorre as margens do asfalto e vai mostrando os silêncios de
existências marginalizadas pela perversidade de uma secular concentração de
renda e poder nas mãos de alguns. Através
destas vozes Fiorese desnuda, diante de nossos olhos, os ”Sertões Proibidos”.
Expondo-nos, pela perspectiva destes viventes de beira-de-estrada, a dureza de
uma vida de destino incerto, a fome, a resignada religiosidade que se apega nos
objetos de cultos e nos santos, já que Deus esqueceu deste povo beira-de-estrada.
Isto, de cara, já se vê nas palavras de Sabino lá em Pedra Azul: <i>Deus é gordo feito latifúndio. Braços de
arame farpado, dentes de eucalipto, estomago de carvoeira, intestino de
braquiária...</i> Lembro-me das palavras de Fiorese sobre a poesia de Augusto
dos Anjos onde destaca o uso de partes do corpo humano como elemento
importantíssimo na construção poética. A memória é incendiada por um fragmento de Versos Íntimos: "<i>–</i>
<i>O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A
mão que afaga é a mesma que apedreja. Se
alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra
nessa boca que te beija!" </i> Adiante leio <i>Resenha acerca das origens
da cidade de Itaobim. </i>Isto me é caro, ali nasceu meu pai. John Trench Dairy, o valadarense que se mandou
prá Boston, rumina em minha cabeça e sei lá por que, os separatistas da Nova Califórnia de Teófilo Otoni. Como não se apiedar da coitada da Betinha? E a musa da Mata Mineira? Com quem dei de cara em <i> De
Junta-Cangalha a Santana dos Arreados</i>. </b></span><b style="font-family: georgia, 'times new roman', serif;"><i>A verdadeira história do acontecido no
arraial de Nossa Senhora da Piedade na freguesia de São Sebastião da Leopoldina</i>,
onde o historiador parnasiano tem como depoente o negro Preá de Ana de Nagô,
que ainda menino avistou em parte o ocorrido. Tudo aqui na minha vizinha
Piacatuba. Gostei de percorrer esta estrada que é a rota de fuga de muita gente,
por ela movimentam-se os mais variados tipos de almas mutiladas, ladrões,
prostitutas, matadores a soldo, fazendeiros e muitos outras figuras que
encontrei neste livro. Como já disse, meu pai nasceu lá em cima em Itaobim, eu
aqui em baixo em Cataguases, a poucos quilômetros da margem direita de quem
desce a Rio-Bahia. Até o meu Rio Pomba flerta com a estrada ao cruzar com ela lá
prás bandas de Laranjal. Por estas e
tantas outros, acabei tornando-me um leitor-cúmplice de “Um chão de presas
fáceis”. Vivi e vivo trafegando por um pedaço desta estrada. </b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Nota: Sou apenas um leitor. Não
sou crítico. Estas anotações são coisas de leitor besta. </b></span><o:p></o:p></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-54852352929936051612016-01-24T12:04:00.000-08:002016-04-19T19:54:25.398-07:0005 de março de 1978<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<o:p><b><span style="font-size: x-small;"><br /></span></b></o:p>
<o:p><b><span style="font-size: x-small;"><br /></span></b></o:p>
<o:p><b><span style="font-size: x-small;"><br /></span></b></o:p>
<br />
<o:p><b><span style="font-size: x-small;"><br /></span></b></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcbS_Lgd0wAbAFGgk8GATZ8b2RzIgv-q0_ntTS6XvmJ7cIQR3f4lchLA2A8SpQ-TGauR-apzmdTK52sJcVnwEP6Cg6MGr_mgeIHF3iKALWPGmR3q3d-I9Z7NquIbJ2EBK6Z9wJ1NKI0YaQ/s1600/belo-bronze-de-brecheret.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcbS_Lgd0wAbAFGgk8GATZ8b2RzIgv-q0_ntTS6XvmJ7cIQR3f4lchLA2A8SpQ-TGauR-apzmdTK52sJcVnwEP6Cg6MGr_mgeIHF3iKALWPGmR3q3d-I9Z7NquIbJ2EBK6Z9wJ1NKI0YaQ/s200/belo-bronze-de-brecheret.jpg" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcbS_Lgd0wAbAFGgk8GATZ8b2RzIgv-q0_ntTS6XvmJ7cIQR3f4lchLA2A8SpQ-TGauR-apzmdTK52sJcVnwEP6Cg6MGr_mgeIHF3iKALWPGmR3q3d-I9Z7NquIbJ2EBK6Z9wJ1NKI0YaQ/s1600/belo-bronze-de-brecheret.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoQmlP-oVJjwjGcPuTMCyAswHGoTISFYm72F60mUZc1a12GzKyfXILzqz6OcRDCxQEHHN0P8R0jg1Y9HsKAkLKMQltBnks8jDmwyHaFyM5d60z0kbi2u8B2fo-c5m0GS2qyVF_pgo_hmXV/s1600/marc3a7o2009-019.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoQmlP-oVJjwjGcPuTMCyAswHGoTISFYm72F60mUZc1a12GzKyfXILzqz6OcRDCxQEHHN0P8R0jg1Y9HsKAkLKMQltBnks8jDmwyHaFyM5d60z0kbi2u8B2fo-c5m0GS2qyVF_pgo_hmXV/s200/marc3a7o2009-019.jpg" width="200" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoQmlP-oVJjwjGcPuTMCyAswHGoTISFYm72F60mUZc1a12GzKyfXILzqz6OcRDCxQEHHN0P8R0jg1Y9HsKAkLKMQltBnks8jDmwyHaFyM5d60z0kbi2u8B2fo-c5m0GS2qyVF_pgo_hmXV/s1600/marc3a7o2009-019.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><b><span style="font-size: x-small;"></span></b></a><b><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: 10.0pt;"> </span><span style="font-size: 10.0pt;"><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-size: 10pt;"> </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: 10pt;"> </span> </span></span></span> Morávamos, eu e alguns amigos todos mineiros de Cataguases, num apartamento do Largo do Arouche; bem em cima de O Chefão. Foi o primeiro lugar em que morei na cidade após chegar do Rio de Janeiro. Gostava dali. O ir e vir pela São João, virar a esquina do Hotel São Rafael; de vez enquanto dava de cara com algum time de futebol saindo ou chegando do hotel. Subir a Vieira de Carvalho rumo a Feira Hippie na Praça da República. Mal virava uma das esquinas entrando no Largo, sentia-me numa pracinha qualquer da Europa. O Dinho’s Place, o Le Casserole, havia também um restaurante húngaro que não me lembro o nome. Lá em baixo, descendo para a Duque de Caxias, ficava o Cine Arouche. No sentido da Rua Aurora estava o O Gato que ri. Perdia, prazerosamente, um bom tempo observando o carinho dos floristas arrumando e aparando as hastes de suas rosas no Mercado das Flores, bem no meio do Largo. Muitas vezes atravessava a pista, aspirava alegremente o cheiro das flores e ia olhar as curvas daquela mulher deitada em sua nudez esculpida pelo Brecheret. <br />Naquele dia havia uma incontida alegria entre nós. Ansiosos aguardávamos o jogo do São Paulo contra o Atlético. Eu e o amigo Idigar Sena, éramos dois atleticanos convictos, ele nem tanto, por que se dividia entre o Galo e o Flamengo do Rio. Tínhamos certeza que seríamos campeões. Só que virou um dia para se esquecer que tornou-se inesquecível.<br />Eu já me tornara um atleticano ferrenhamente apaixonado. Além do beque Luizinho, desculpem-me, aprendi com meu pai chamar zagueiro de beque lá nas barrancas do Meia Pataca no velho campo do Flamenguinho de Cataguases. Luizinho era um beque refinado, esguio e elegante no trato com a bola. Dava gosto vê-lo retirar a bola dos atacantes, numa época em que era moda terem centroavantes fortes e trombadores. Acho que algum técnico maluco andou querendo incorporar ao nosso futebol aquelas jogadas de pura força física do futebol americano, aquele da bola oval. Mas o Luizinho afanava a bola do infeliz e como o velho Meneghetti, que após bater a carteira da vítima, saia com uma suavidade felina driblando espetacularmente seus perseguidores. <br />Mas, meu ídolo mesmo, era o Reinaldo, baixinho, negro como o Luizinho e futebol atrevido. Aquele time do Galo jogava por música e ele era o Milles Davis numa inebriante Jam Session. Destoava do padrão dos centroavantes que fizeram sucesso até ali. A maioria empurradores de bolas para o barbante, alguns de um grossura de dar dó. Idigar dizia que Reinaldo era um ponta de lança. Eu pouco me importava com as definições. Era meu ídolo, por, além de ser um genial jogador, comemorava seus gols com o braço erguido e punho cerrado, num protesto silencioso como os negros americanos Tommie Smith e John Carlos fizeram num pódio da Olimpíada do México. Lembraram-me mais tarde que o branco que dividia com eles o protesto e a glória do pódio, foi excomungado dos esportes pelos australianos. Querem atitude mais racista e filadaputa? Cá pra nós, futebol é um dos meios mais reacionários e corruptos que temos. Imagine no meio da ditadura a CBD comandada pelo João Havelange. Aquelas comemorações despertavam a ira do regime militar, eram claramente contrárias à ditadura e estimulava em nós o desejo de combatê-la. Entre meus amigos isto era fato, reforçavam nossa convicção na busca da democracia. <br />Pela televisão tomamos conhecimento que Reinaldo não jogaria, fora julgado na véspera por conta de uma expulsão lá no início do campeonato. Idigar, já indignado com tamanha sacanagem, esbravejava e xingava, afirmava que tudo era uma armação para compensar a suspensão do Chulapa, um centroavante, desses que tinha aos montes até na várzea. Eu tinha certeza que os milicos estavam dando mais um golpe na gente. Aquilo tinha mexido comigo, me deixara triste e apreensivo. Reinaldo fizera o absurdo número de 28 gols nos 18 jogos em que atuara. Era minha certeza de gol. O Galo chegara invicto, se fosse por pontos corridos já seria campeão a muito tempo, mas graças ao “genial” regulamento tinha apenas a vantagem de fazer a decisão em casa, não podendo nem ao menos empatar para ser campeão. Era preciso vencer. Estava preocupado. Idigar afirmava que só faltava terem comprado o juiz. Nem me dei conta de quem substituiria o craque. O jogo seguiu num morrinhento zero a zero, seguido de uma prorrogação dura de ver. Até que a agonia foi para os pênaltis. Não é que depois de tanta expectativa um tal de Joãozinho Paulista bateu um pênalti, atirando a bola lá na Lagoa da Pampulha. Vacilo atleticano, onde já se viu botar um paulista bater pênalti contra o São Paulo? Perdemos o campeonato invictos, não perdemos um jogo sequer. Putos, fomos encher a cara e afogar as magoas num boteco da Rua do Mário de Andrade, a Aurora. Depois disto, prometi nunca mais dar muita bola para o futebol.</b></div>
</div>
</div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-66759425242616034432015-04-20T05:07:00.001-07:002016-01-24T10:45:53.979-08:00Afinal o que é um poste?<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 12.75pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="background: white; border: none 1.0pt; color: #3f3f3f; font-family: "garamond" , serif; font-size: 12.0pt; padding: 0cm;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 12.75pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="background: white; border: none 1.0pt; color: #3f3f3f; font-family: "garamond" , serif; font-size: 12.0pt; padding: 0cm;"> </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4V8XNID26Tgdffs84KZosgmLpdhJhxds5CuZYmBsv1D_sstpIbRl422dT8zNLQQ8yItu07RHF6O509sB7dUC-VgN1kU58h9iXccBKWbWak9GJMBSlmZHzZU5Z-nps4fKIobLPSre_2_eY/s1600/ninho+de+jo%C3%A3o+de+barro.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4V8XNID26Tgdffs84KZosgmLpdhJhxds5CuZYmBsv1D_sstpIbRl422dT8zNLQQ8yItu07RHF6O509sB7dUC-VgN1kU58h9iXccBKWbWak9GJMBSlmZHzZU5Z-nps4fKIobLPSre_2_eY/s1600/ninho+de+jo%C3%A3o+de+barro.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-weight: bold;"> </b> <b> <span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Outro dia, lendo um dos jornais de Belo
Horizonte, que por sinal são bem ruins. Dei de cara com esta notícia: "<i>O
advogado pessoal de Antônio Andrade, vice governador eleito, Mateus Moura, que
trabalhou na Ceasa, seria o nome para a vice-presidência da Cemig. Um membro do
PMDB questionou sua capacidade para a função: “Não sabe como funciona um poste
de luz..."</i> O povo já nem dá bola
mais. Entretanto eu não consigo engolir a "desavergonhice", como diria o
Odorico Paraguaçu, de certos profissionais da política. No ramo nem todos são eleitos. A avidez em emplacar um parente ou um amarra-cachorros qualquer em um
cargo público é impressionante. </span></b><br />
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O que me deixou encafifado mesmo, foi a
afirmativa: "<i>- Não sabe como funciona um
poste de luz."</i> Parei na calçada e
fiquei olhando para um que fica bem em frente da minha casa. Aquela coisa
cilíndrica, um cone de concreto, grosseiramente parecido com o giz do dia a dia das
professorinhas, uma cruzeta de madeira na ponta onde isoladores seguram os
cabos de energia. Coisa feia de dar dó. Toda
aquela confusão de cabos já deveria, de a muito tempo, correr subterraneamente por baixo das calçadas. Minha pobre rua se livraria daquele estorvo
de cimento; que até outro dia, servia de suporte para grotescos impressos de plásticos, igual bandeirolas de demarcação, estampando
as “fuças” de candidatos a tudo quanto é vaga oferecida em uma eleição. Eles
emporcalham a cidade sem o menor constrangimento. Imaginem a porcaria que fazem com a representação delegada por nós. Já as vagas para trabalhar de
mesário... somos intimados a trabalhar. Eu duvido que algum deles já se “ofereceu”
para trabalhar voluntariamente numa eleição.</span></b><br />
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> Durante um bom tempo fiquei ali, feito besta, tentando entender como
funciona um poste. Ocorria-me algumas utilizações do poste. Lembrava-me de
broncas de adultos quando por medo, na minha meninice, empacava em alguma ruela escura. – Vamos!
Vai ficar aí parado feito um poste? Algum
aluno magro e tímido, eu era um deles, quando aparecia lá no colégio rapidamente era descrito.
–Parece um poste! Na infância, era no
poste que fazia-se a contagem, enquanto a molecada corria brincando de
pique. Noutras ocasiões, carroceiros
entre um frete e outro, enquanto descarregavam suas carroças, amarravam pelo
cabresto o burro no poste. Lá na
esquina perto do boteco, virava e mexia tinha um aglomerado de pessoas em torno
do poste. Todos ansiosos em conferir suas apostas no jogo de bicho. Nunca imaginei, qual a importância de como funciona
um poste teria para alguém ou alguma coisa. Que serventia teria tamanho conhecimento? Em meio as minhas indago-observações, surge um
cão morador de rua. Levanta a pata traseira esquerda e dá uma boa mijada no
poste. Um velho conhecido meu, meio nazifascista, se por ali estivesse logo me
provocaria; - Oia lá! Levantou a pata esquerda, é comunista o desgraçado. Enquanto o cão mijava, lançou-me um olhar, meio envergonhado e de reprovação por estar a
observá-lo. O cão se aprumou e veio em minha direção. Passou por mim de cabeça
erguida, andar altivo, lançou-me um olhar debochado como se quisesse dizer – Viu, um poste só presta para isto! Acho que o jeito é perguntar para o joão-de-barro?</span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> </span></b></div>
<o:p></o:p>Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-44620206383937822892014-10-08T18:16:00.000-07:002014-10-08T18:16:20.218-07:00Egberto Gismonti <div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span id="goog_1360682711"></span><span id="goog_1360682712"></span><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="//www.youtube.com/embed/_A9_FufVnKU" width="420"></iframe><br />
<br /></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-31131632110392568982014-10-07T03:46:00.001-07:002014-10-07T03:46:42.521-07:00A cidade encarcerada<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>“Luvina <o:p></o:p></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>é um lugar muito triste, <o:p></o:p></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>eu diria que é um lugar<o:p></o:p></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b> onde não se conhece o riso. <o:p></o:p></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Aquilo é o purgatório.” <i><o:p></o:p></i></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b><i>Juan Rulfo<o:p></o:p></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Estava revirando a internet numa pesquisa. Queria
encontrar alguma coisa sobre o conto <i>Luvina</i>
de Juan Rulfo em <i>El llano en llamas</i>. O conto, segundo alguns críticos, já antecedia
Pedro Páramo, consagrado romance do mexicano. É o conto que mais se identifica
ou tem afinidades com Pedro Páramo, posto que os homens não têm rostos, a gente
não tem cara, as figuras humanas não se definem. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Por um grosseiro erro de digitação, cai num curto artigo
jornalístico de 15.01.2014. No artigo, o autor chamado Fábio Leite, homônimo do
Fabinho Leite. Fabinho é um divertido amigo, que faz uma falta danada neste
mundo insano e mal humorado, principalmente sua gargalhada.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>O pequeno texto falava de Lavínia, cidade do
interior paulista. Lá, segundo o autor do relato, metade da população está
atrás das grades. O curioso é que elegeram um carcereiro prefeito da cidade. Contrariando
a pregação de alguns discípulos de Afanásio Jazadji, que bandido bom é bandido
morto, em Lavínia bandido bom é bandido vivo. Eles são um ótimo negócio para a
economia local. E de quem foi o esperto “abrolhos”
na cidade. Foi do Senhor Hiroshi Yamashita o prefeito que desde a última
eleição, trocou as chaves da cadeia pelas chaves da cidade. O homônimo do
Fabinho Leite afirma que: “<i>Com três
penitenciárias superlotadas, a cidade de Lavínia, no oeste paulista, tem mais
da metade de seus habitantes na prisão. Dos 9.995 moradores contabilizados pelo
IBGE, 5.288 estão presos nas unidades que têm capacidade total para 2.304
detentos. </i> Fico cá com os meus botões imaginando uma
cidade que tem um prefeito carcereiro, qual teria sido seu mote na campanha? Se os presos não votam, pelo menos não
deveriam, mas neste país, onde o que vale mesmo é a Lei de Gerson e sendo eles
os responsáveis pela pujança econômica da cidade, será que influenciam o
eleitorado? Como eles são tratados pelos demais moradores de Lavínia? O repórter Leite continua: “A<i>s penitenciárias, inauguradas a partir de
2002 a 3,5 km do centro, turbinaram a economia a ponto de ele pleitear a quarta
unidade” </i>e o Sô Mário Hiroshi Yamashita é quem garante nas palavras do
repórter: <i>"Só com a folha de
pagamento dos 800 funcionários, são R$ 2,5 milhões por mês. Antes só tinha um
táxi. Hoje são 35. Pousada, não tinha nenhuma. Hoje temos seis. A cidade fica
mais segura porque tem mais policiais." </i></b></span><b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Depois desta, não sei qual das duas é mais
surreal. Luvina em seu ficcional
realismo, ou Lavínia em sua realidade fantasticamente próxima da ficção. </b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-52235978609740871012014-09-14T06:10:00.000-07:002014-09-14T07:08:31.985-07:00... Aí de ti Cataguases....<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b> Encontro com o Toquinho na rua: Zé! O Chiquim
Cabral morreu. Enquanto o amigo conta detalhes; em minha mente, correm
alucinadas imagens e a voz de Francisco Marcelo Cabral. No silêncio posterior, brotam fragmentos de seus
poemas; mas um insiste<i>: A cidade exporta
/ tecidos de algodão que não planta / e poemas que não lê / No varejo de
algumas lojas / se pode até comprar livros. / O jeito é agarrar com todo
cuidado / a primeira palavra vazia / que esvoace gratuita na brisa do / Pomba,
/ e devolvê-la intacta / aos ventos, insanos e surdos</i>. Como
migrante no exílio, em toda casa tem alguém que foi exportado, sempre cantou seu
rio e sua aldeia. A cidade na sua
ruidosa ignorância e provinciana insensibilidade nem se dá conta do que
perdeu. Aliás, como mãe que abandona os teus, não se
mexeu nem para tentar abrigá-lo em seu colo-ventre, mantendo-o eternamente
exilado em terras cariocas. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4GRLle75u9QWIqconRZcirNJUCcAdY2jXLKMsWc_z4AtXj-gZwZiKB5K4kMaIcau9XX0N-G2OqU_Co8sAV3V_39avpUGw3HeC5Rrms7RnrF18UDs-Idac5MZiRMeBrb2MsMjejDYYEJjN/s1600/Chico+Cabral+(2).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4GRLle75u9QWIqconRZcirNJUCcAdY2jXLKMsWc_z4AtXj-gZwZiKB5K4kMaIcau9XX0N-G2OqU_Co8sAV3V_39avpUGw3HeC5Rrms7RnrF18UDs-Idac5MZiRMeBrb2MsMjejDYYEJjN/s1600/Chico+Cabral+(2).jpg" height="320" width="266" /></a><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Chico Cabral, ao lado de Lina Tâmega Peixoto e o verde
Ascânio Lopes formam a Santíssima Trindade da poesia de Cataguases. Ainda aqui,
na <i>Meia Pataca</i> – revista que criou
com Lina Tâmega – já fazia das palavras suas infinitas possibilidades. Na
cidade, têm-se hoje uma gama de ótimos poetas influenciados por eles, a maioria deles, também exportados. </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Poetas são
semideuses, escrevem para nós, seus mortais leitores, permitindo-nos ir para
além de nossas impossibilidades. Em seu <i>Livro de poemas</i> (2003), Chico, na orelha, nos diz: <i>“...as palavras são portas de saída mas não
de entrada, e que a emoção ou conceito, presentes num texto, são de quem o lê e
não mais apenas de quem o escreveu. ...</i>” Outro poeta, o palestino Mourid
Barghouti, diz: “<i>Não gosto de pegar na
mão de minhas palavras enquanto atravessam a rua por zelo ou medo excessivo.
...</i>” </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Mas, o que para mim os aproxima,
é a poesia do exílio. São distintas suas
sagas e seus contextos. Enquanto Mourid viveu o êxodo da desapropriação e sua expulsão
de Hamallá, pelos israelenses. Chico, num outro tipo de êxodo, foi em busca das
oportunidades que a cidade operária não oferece aos teus. É latente nos dois o
discurso da ausência. Enquanto no palestino vibra uma agressiva e compreensível
verve transformando as palavras em arma de combate, dando voz ao coletivo; em
Chico ponteia a melancolia da ausência de suas montanhas, a saudade dos
granitos irregulares que pavimentam as ruas de suas andanças e o escorrer das
águas amarelas do seu Rio Pomba. Que apesar da aparente solidão de sua dicção é
também a voz de seus conterrâneos desterrados pelo subdesenvolvimento da
região.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Criando assim, com sua alma de poeta, uma
mítica Cataguases que o magnifico <i>Inexílio</i>
é sua expressão maior e definitiva. </b></span></span></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-7565363449403438322014-07-31T08:23:00.000-07:002016-01-24T10:31:11.784-08:00Abacaxis e abacaxis no último dia de julho<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "garamond" , serif;"><span style="font-weight: normal;"> </span><b> </b></span><b><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">A</span><span style="background: white; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">cordei hoje, sentindo um friozinho danado. Quem me acordou foi um vendedor de abacaxis na
rua. Todos os vendedores de abacaxis que aparecem no meu bairro, dizem-se
capixabas; usam um alto falante em que reproduzem a mesma gravação de uma
imitação do Sílvio Santos: <i>Olha minha freguesa! Olha
o Abacaxi de Marataízes! É docinho docinho... ahahah... aiii... ahahah... É da
polpa amarela...</i> O que me acordou hoje, usa uma música gospel de fundo cantada por uma mulher, que diz em parte da letra: <i>...sabor de mel... sabor de mel...</i> Abacaxi neopentecostal.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><span style="background: white;">Eles, os abacaxis de Marataízes, são tão
constantes por aqui, que a algum tempo ao ver na Receita Federal, a Celinha
atendendo um cidadão, ao acertar o cadastro do contribuinte,
pergunta-lhe pelo local de nascimento. Ao ouvi-lo responder que era de
Marataízes, não resisti: Rapaz! Eu pensei que em Marataízes só nascessem
abacaxis. Voltando ao vendedor de abacaxis.
Será que ele paga direitos autorais pelo uso da música? Ou, pagando dízimo a
alguma igreja está tudo resolvido? </span><span style="background: white;">Quem tem um abacaxi nas mãos é a
Prefeitura. Calma gente, não é o nosso simpático Gordinho, cá em Cataguases não. É o prefeito de São Paulo. Vi na TV que o Edir Macedo inaugura hoje, lá para
os lados do Braz na zona leste de São Paulo, a maior igreja do Brasil. Segundo a
jornalista, a igrejona tem o piso e o altar todo revestido com pedras trazidas
de Israel. O altar terá uma Arca da Aliança igual a que Salomão fez para guardar
os Dez Mandamentos. O Templo de Salomão, continua a jornalista, está com
problemas de licenciamento na prefeitura, por isto está sob investigação do
Ministério público. </span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><span style="background: white;">Eu, na minha ignorância,
fico imaginando que não tem habite-se, não tem autorização dos bombeiros, nem a DISO foi solicitada. Na
reportagem, vi o Edir Macedo de barba branca com algo parecido a um quipá na
cabeça, com uma capinha nas costas orando, cheio de ritos. Tá parecendo um rabino. Não tenho dúvidas de onde será enterrado após seu falecimento. </span><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">Só uma dúvida me ocorre. Será que nas orações
inaugurais do babilônico templo, vão orar pelas almas dos palestinos mortos, na
Faixa de Gaza, nos últimos dias? </span></b></span></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-14163971298562760462014-05-27T18:55:00.003-07:002014-07-31T07:15:21.176-07:00Fantasias de Meia Pataca <div style="text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbgyt4nLAPJzc0s4A88fDSTalZ1LGzP-TEsUA3ATSSyrlihL48nK2_zr0NYnD1soe7BpFPq7ZaVZN3uZ1SmvUZR7Edc72M0oQm46Aqs_NG4cdGUlAr1WKcUiYFWoWrzX3bhKc_l2dmsN4z/s1600/Livro+Fantasias.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbgyt4nLAPJzc0s4A88fDSTalZ1LGzP-TEsUA3ATSSyrlihL48nK2_zr0NYnD1soe7BpFPq7ZaVZN3uZ1SmvUZR7Edc72M0oQm46Aqs_NG4cdGUlAr1WKcUiYFWoWrzX3bhKc_l2dmsN4z/s1600/Livro+Fantasias.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br />
<br />
Vejam <a href="http://tadeucosta15.blogspot.com.br/2014/01/fantasias-de-meia-pataca.html?view=classic" target="_blank"><span style="color: red;">aqui</span></a><span style="color: blue;"> </span> o projeto gráfico de Tadeu Costa.</div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-90136980207403502722014-05-11T14:15:00.000-07:002016-02-21T02:40:37.808-08:00Véspera do dia da mentira<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="font-family: inherit;"> </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> Tomei o rumo de Barbacena, na manhã daquela segunda
feira. Para variar, cheguei atrasado. Acabei sentando, ainda ofegante, na
primeira poltrona atrás do motorista. As viagens de ônibus na zona da mata mineira
são torturantes, trechos de menos de 100 km leva-se duas horas, as vezes até
mais, para percorrer. Para-se demais nas estradas, o mesmo acontece
nos pequenos lugarejos, em que o ônibus entra. Em alguns,
chegam a fazer complicadas manobras para se desvencilhar de carros de bois e
charretes, onde tranquilos condutores pachorrentamente colocam suas prosas em
dia. Ao longo dos anos muita coisa mudou, mas a calma do caipira não. Os ônibus, no afã de faturar mais, parecem verdadeiras “lotações”
interurbanas. <o:p></o:p></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>A viagem tornou-se divertida, pelas conversas sem
rumo que travaram ao longo do percurso o cobrador e o motorista. Falavam e debochavam
de tudo. Esculhambaram um colega de
trabalho, que constantemente ia e voltava na conversa dos dois. O cobrador algumas vezes o imitava, tentando,
pela entonação, parecer fleumático: – “Preciso
ligar para a mãe de minha filha.” – Ele é apaixonado por aquele estrupício de
mulher. Retruca o motorista. – Ô motorista!
Você não presta. Vai arder no fogo do
inferno! A cada pequeno lugarejo que o
ônibus entrava ou parava. O cobrador disparava: – Êta Ravena sô! Quem foi que
inventou de entrar num lugarzinho fuleiro que nem esse. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Em Barbacena, após uma baldeação, sigo para São
João Del Rei. Só que, aqui, o cobrador é sisudo. Passa a viagem inteira contando
passageiros, para lá e para cá. Parece-me, que a cada passageiro que entra, ele
perde a conta. Uma placa na estrada me apresenta ao Rio das Mortes. Nos
primeiros tempos de escola, me impressionou a estória de seu nome. Imaginava um
rio de sangue correndo lentamente, onde, pedaços de corpos humanos, em
redemoinhos, apavorava quem lançasse as vistas sobre ele. Já no primeiro de abril, numa conversa com a vendedora
de um sebo próximo da igreja Nossa Senhora do Carmo, fiquei conhecendo outras
variáveis históricas para o nome do rio. A primeira, segundo ela, é uma história
contada pelos antigos, que na Guerra dos Emboabas, os corpos eram jogados ao
rio e suas águas tornavam-se vermelhas de sangue e por isso este nome, Rio das
Mortes. Outra versão pouca conhecida, relata que o fato acima ocorre em 1709 e,
muito antes disso este rio já ganhava este nome: “... a qual paragem de Rio das
mortes, por morrerem nele uns homens que o passaram nadando e outros que se
mataram a pelouradas brigando entre si sobre a repartição dos índios gentios
que traziam do sertão.” ela me mostra num folder. Há ainda
relatos de uma luta sangrenta travada, nos primeiros tempos da ocupação do
território, entre os sertanistas paulistas e tribos aguerridas que ocupavam o
território, certamente os falados Cataguás, ensejando assim a tétrica
denominação. Como cataguasense, para
mim, a última é a verdadeira e definitiva origem do nome do histórico rio. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Chegara na cidade por volta do meio dia. Pergunto onde
é a Praça da Estação. É a referência que tenho para chegar ao meu destino, nunca
estivera aqui antes. Quero saber quanto tempo gastaria para ir de táxi. A atendente do balcão de informações da
Rodoviária num sorriso só: Imagina moço! É pertinho. É logo ali. Pode ir a pé. E só seguir por ali, apontando para a rua, na
terceira ponte você atravessa, vira a direita e segue o muro até a estação. Mais
uma vez me ferro. “Logo ali” de mineiro é foda. Com uma pesada mochila caminho por mais de vinte minutos, chego ao meu destino completamente
banhado de suor. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQyQOgJbRgAhUrHao2bgs30nc6FltmYMbJ3sqO-Xn25_iqxj1H76P0CuF5jlC5cHWgeoDWUy3kEyRiJ6nlyeswqZ8GjnVJ7TWgcHgQk7Ks-z0Iq5K5mXOf4ORb2jrq2AIu_aycWwFahcsU/s1600/IMG_20140401_200131.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQyQOgJbRgAhUrHao2bgs30nc6FltmYMbJ3sqO-Xn25_iqxj1H76P0CuF5jlC5cHWgeoDWUy3kEyRiJ6nlyeswqZ8GjnVJ7TWgcHgQk7Ks-z0Iq5K5mXOf4ORb2jrq2AIu_aycWwFahcsU/s1600/IMG_20140401_200131.jpg" width="320" /></span></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>A noite, depois de um bom banho, enquanto lá fora chove, ligo a TV. Num canal local, uma mulher negra apresenta e
faz as reportagens do jornal. Está na cara, que ela faz de tudo, jornalista
sofre em pequenas e desestruturadas emissoras do interior. Me divirto com a reportagem de um soldado
reformado que se acorrenta na prefeitura da cidade em protesto. Agora, virou
moda, protestam por qualquer bobagem. Segundo a moça da TV, o senhorzinho queria
falar com o prefeito em pessoa. Sua queixa, era contra a retirada das paredes
do prédio das fotos dos generais presidentes. Por volta do meio dia o
protestante desacorrentou-se e partiu sem atingir seu objetivo. Uma língua
ferina disse que o sol quente na cabeça, fez o pobre homem desistir de seu
protesto. Só aí me dou conta de que é 31 de março e onde estou. Estou na região
onde nasceu o inconfidente Tiradentes e Barbara Heliodora, exatamente no dia em
que alguns beligerantes fascistas comemoram 50 anos do Golpe de 64. </b></span><br />
<b style="font-family: inherit;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Não é que o
famigerado golpe começou, aqui perto, em Juiz de Fora. O soberbo povo da “Roça Grande” nos deve esta nódoa na história. A brancaleonica trupe partiu da
barranca do Paraibuna para as praias cariocas.
Pai Firmino, macumbeiro e meu conselheiro espiritual, já me disse que a
soldadesca de JF, ele serviu lá, passava a maior parte do tempo varrendo quartel, lavando viatura enquanto os de patente mais altas queimavam energias num joguinho de
truco, para espantar o tédio da caserna.
Eles blefaram e deu no que deu. Tanta
coisa boa para ser pioneiro, vão ser pioneiro de golpe. O que alivia o pecado, é a cidade nos
ter dado Murilo Mendes e Pedro Nava. </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-83102191928640212292014-02-04T18:35:00.001-08:002014-05-11T14:04:13.850-07:00Literatura sem fronteiras: Passarinho de rota plumagem (Nilto Maciel)<span style="font-family: inherit;"><b><a href="http://literaturasemfronteiras.blogspot.com/2014/01/passarinho-de-rota-plumagem-nilto-maciel.html?spref=bl">Literatura sem fronteiras: Passarinho de rota plumagem (Nilto Maciel)</a>: Espalhei, sobre a mesinha de centro, 32 opúsculos chegados à minha vivenda nos primeiros dias de 2014. E brinquei: “Escolha seis...</b></span>Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-17617374517008653152014-02-04T17:13:00.002-08:002014-05-11T14:03:34.592-07:00Mafalda faz 50 anos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB3gC9u2WQ94MY_cugu-tbK6F1zwZBx-9tjd4zAE84UAkNDAwHwNvZIambii5vKpneAqfnNPdG9fTAD-PecjrR8s5HPOluWIxrnoZpkVMrSgIbauXAFRSiCzhWsLEkj8WEVFnpPYB6e8gH/s1600/Mafalda+(1).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB3gC9u2WQ94MY_cugu-tbK6F1zwZBx-9tjd4zAE84UAkNDAwHwNvZIambii5vKpneAqfnNPdG9fTAD-PecjrR8s5HPOluWIxrnoZpkVMrSgIbauXAFRSiCzhWsLEkj8WEVFnpPYB6e8gH/s1600/Mafalda+(1).jpg" height="142" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>A garotinha Mafalda completa 50 anos de tirinhas inconformistas, e seu espírito rebelde nunca esteve mais em voga num mundo em convulsão. “Muitas das coisas que ela questionava ainda não foram resolvidas”, sintetiza o cartunista Joaquín Salvador Lavado, o Quino, que deu vida a ela de 1964 a 1973.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>A data foi celebrada nesta edição do Festival Internacional de Angoulême, o mais importante evento do mundo dos quadrinhos. “Às vezes me surpreendo com o fato de algumas tiras feitas há mais de 40 anos ainda serem aplicáveis hoje”, explica o autor, de 81 anos, que se recusou a viajar para o evento por questões de saúde.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>A cada ano, cerca de 200 mil ilustradores, roteiristas, editores e apaixonados pelas histórias em quadrinho reúnem-se na aprazível cidade para celebrar o gênero. Nesta edição, foi possível visitar uma réplica do apartamento em que vivia Mafalda e da sala de aula em que ela lançava suas frases que pulsavam sinceridade. Também estavam por lá seus companheiros Manolito, Felipe, Susanita e Miguelito.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Aliada a essa recriação do mundo, que reflete a classe média progressista argentina dos anos 1960, a organização reuniu ainda tiras originais, reproduções e materiais que serviram de inspiração ao desenhista da célebre menina de seis anos que usa um laço na cabeça e detesta sopa.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>“O que me surpreende é ver que minha obra se desenvolveu desde sua publicação até o dia de hoje, e que boa parte dos temas, para não dizer todos, continua atual e compreensível”, explica o ilustrador.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Uma garota idealista e sincera, Mafalda nunca calou-se diante da inquietude que lhe causava um mundo adulto que não lhe oferecia respostas satisfatórias, algo que persiste até o século 21. E, mesmo que seja só uma tirinha, como insiste seu criador, traduz matizes da personalidade daquele que a fez. Quino sempre se autodefiniu como um “pessimista” que manteve sempre viva a “ilusão de que sua obra servia para mudar algo.”</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiQLc4PtYK9AFH3MP7x1mHoV4zhZXGpX5beERIba_HQcHUxWI12lSR1CB6dgLLWyRy5C16ltCrKpiRKuumVy0U9ee3hD-AYMFfQBFzGAQflxgFpLLY_IaBdJDBOyBrPwDPB0nmM-tHuswD/s1600/Mafalda.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><span style="font-family: inherit;"><b><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiQLc4PtYK9AFH3MP7x1mHoV4zhZXGpX5beERIba_HQcHUxWI12lSR1CB6dgLLWyRy5C16ltCrKpiRKuumVy0U9ee3hD-AYMFfQBFzGAQflxgFpLLY_IaBdJDBOyBrPwDPB0nmM-tHuswD/s1600/Mafalda.jpg" height="132" width="200" /></b></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Outra criança conhecida pela fala inocente que traduz verdades pungentes da sociedade, o protagonista de Calvin e Haroldo, do norte-americano Bill Watterson, rendeu ao autor o grande prêmio do Festival deste ano. Nas tiras, publicadas entre 1985 e 1995, ele relata as aventuras de um menino e seu tigre de pelúcia – que é bastante real para ele. Em todo o mundo, a compilação do título já vendeu mais de 30 milhões de exemplares.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Watterson, de 56 anos, encerrou sua carreira com Calvin, afirmando que, com ele, havia alcançado todos os seus objetivos como quadrinista. Em Angoulême, ele venceu o japonês Katsuhiro Otomo, de Akira, e o britânico Alan Moore, de Watchmen. Também roubou a cena do holandês Willem, conhecido por suas ilustrações para publicações francesas como a revista Charlie Hebdo ou o jornal Libération.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Depois de estudar ciências políticas, o pai de Calvin começou a carreira como chargista político, mas logo abandonou essa vertente de sua profissão e passou às experimentações, até que, em 1985, publicou a primeira parte de sua obra mais aplaudida. Tímido e purista, manteve-se longe dos holofotes e criou princípios fortes para sua criação. Desde o princípio, recusava-se a permitir que fossem criados produtos com a imagem de seus personagens ou que fosse feita uma adaptação animada. Mais adiante, abandonou Calvin e Haroldo para dedicar-se à pintura e à família.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>O prêmio de melhor álbum do ano foi para Come Prima, do italiano Alfred, que tomou o lugar de Quai d’Orsay: Chroniques Diplomatiques, vencedor no ano passado, com desenhos de Christophe Blain e roteiro de Abel Lanzac, pseudônimo do diplomata Antonin Baudry.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>O título premiado é um ‘road-movie’ em forma de quadrinhos no qual um autor rende homenagem ao cinema italiano dos anos 1970 através da história de um antigo “camisa negra” (cinema militante fascista), incompreendido por seus aliados e por seu irmão.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>O prêmio especial do júri foi para La Propriété, da israelita Rutu Modan, e foi eleita melhor Fuzz & Pluck, do norte-americano Ted Stearn.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: right;">
<i><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><b>Agência Efe 04.02.2014</b></span></i></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-57759011316741020142013-11-24T12:55:00.000-08:002016-01-24T10:33:20.965-08:00A expressão de Altamir Soares<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> </b></div>
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b></b></span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1mAYWa9lxpPD15WGwzhbL6EH9eday8ciGQorJwBSsV-vQJffwAzB4V_ANMYCrETn0DCF8kAuDVmxAqaNurdOhnrfkxi9c1AOZ4PXxDQLTYHmMvm1XSCB0ow0IsNwHf5L2Zbh_pqxXAID9/s1600/00340+eu!.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1mAYWa9lxpPD15WGwzhbL6EH9eday8ciGQorJwBSsV-vQJffwAzB4V_ANMYCrETn0DCF8kAuDVmxAqaNurdOhnrfkxi9c1AOZ4PXxDQLTYHmMvm1XSCB0ow0IsNwHf5L2Zbh_pqxXAID9/s200/00340+eu!.jpg" width="183" /></a></b></span></span></div>
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>
</b></span></span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="font-family: inherit; font-size: 12pt; line-height: 107%;"></b><br />
<div style="display: inline !important; text-align: justify;">
<div style="display: inline !important;">
<b style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"> <span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> Rua
Ouvidor Peleja, ali, fui vizinho do Altamir Soares por algum tempo. É uma rua da Vila Mariana em São Paulo, cidade que alguns amigos do Bexiga, onde, na correria, as vezes comia-se
um espaguete apressado, chamavam-na de: <i>Milão
ao sul do equador</i>.</span></b></div>
</div>
</div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><b>
<o:p></o:p></b></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><b>Mas, a fria garoa dava mesmo, era um ar londrino às manhãs
paulistanas. A luz filtrada pelo concreto de seus edifícios, nunca era refletida
pela água empossada no asfalto. Nestas águas, o que brilhava mesmo, era aquele
arco de cores do óleo diesel derramado na pista. Logo escondido pelo tropel
apressado e bovino de trabalhadores rumo aos seus empregos. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><b> Isto influenciou a
arte do Altamir? Não sei! Mas que acentuou alguns de seus traços
pessoais. Isto com certeza, afirmo que sim.
</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><b> <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNRd6xNtbs8au6iUSR-shMmdv0_CJ06HmfWuuK-P-75lW4C_ia239QiUsPfUKzeVNppHNT6_aBOUrE3jPJcPcr-16omBUPZ8Z_bp7JoeG_0XRDvlhiNWJK4pgUs29q_1ffQat_sn0x_OUf/s1600/00284.a.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNRd6xNtbs8au6iUSR-shMmdv0_CJ06HmfWuuK-P-75lW4C_ia239QiUsPfUKzeVNppHNT6_aBOUrE3jPJcPcr-16omBUPZ8Z_bp7JoeG_0XRDvlhiNWJK4pgUs29q_1ffQat_sn0x_OUf/s200/00284.a.jpg" width="144" /></b></span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGVketwyyj1njIQx1vq1ErnO09fzB83g0b4sd126xdQYy5nckeydkoi_bGLxrhQCFhw_TLqjUIkNotqhWAXkZRyNxPn_oCY1WopXPSU-nd43rTNoCIEqi1Y8D2Z6CALLbVJjuYqq2w7fZS/s1600/00283.a.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGVketwyyj1njIQx1vq1ErnO09fzB83g0b4sd126xdQYy5nckeydkoi_bGLxrhQCFhw_TLqjUIkNotqhWAXkZRyNxPn_oCY1WopXPSU-nd43rTNoCIEqi1Y8D2Z6CALLbVJjuYqq2w7fZS/s200/00283.a.jpg" width="122" /></b></span></a><b><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Altamir, parece refletir em seus desenhos, a melancolia, típica do mineiro
confinado entre suas montanhas, transmite-me a timidez titubeante de uma geração que
cresceu numa cidade operária, nossa Cataguases, com o grito contido na garganta pela censura
cristã-moralista de costumes tão conveniente à ditadura e seus acólitos. Isto faz dele, ao meu ver, uma espécie de herdeiro
artístico de Egon Schiele.</span></b></div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><span style="font-family: inherit;"><br /></span>
</b></span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><b>Tanto quanto Egon Schiele, Altamir tem origem em família
humilde. Ambos enveredaram pela busca de
uma anatomia, em que mesmo com a ausência do brilho em suas cores, espelhasse o
contraditório interior da alma humana. </b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Alguns
trabalhos de Altamir me remetem ao artista austríaco; vejo em seus nus e
figuras humanas, um pouco da expressão sem concessão com que Schiele refletia
as angustias e neuroses, transgredindo os padrões morais de sua época.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Altamir usa sua arte para expressar-se e confrontar-nos com
as nossas dúvidas existências.</span></b></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-17336268817068886272013-09-24T18:09:00.001-07:002016-02-21T02:58:15.056-08:00Antônio Jaime Soares no Jornal Atual <div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 5px;">
<div style="text-align: right;">
<div style="text-align: right;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmrBdux7a-dRpHWOFpu_iGY-y1Mv3s_doYRKS5w8CHLANQTCGJD7wWfI2RNnMBoPvNjGV8VEZj-uUe95FmHs9EJPFh6v3xvHtGiQTbukt_XBeH3T2w-WCNh1Air1oQZROTZVFoV8KzSDIv/s1600/aj.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmrBdux7a-dRpHWOFpu_iGY-y1Mv3s_doYRKS5w8CHLANQTCGJD7wWfI2RNnMBoPvNjGV8VEZj-uUe95FmHs9EJPFh6v3xvHtGiQTbukt_XBeH3T2w-WCNh1Air1oQZROTZVFoV8KzSDIv/s640/aj.png" width="548" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
</div>
</div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-39591294473177059002013-08-25T12:01:00.001-07:002013-08-25T12:01:29.857-07:00Chicos a nossa e-zine <div style="text-align: center;">
<iframe frameborder="0" height="400" marginheight="0" marginwidth="0" scrolling="no" src="http://www.slideshare.net/slideshow/embed_code/25571417" width="476"></iframe></div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3836775177562432997.post-76990219736064585542013-08-11T15:38:00.001-07:002016-02-21T03:02:17.544-08:00Algumas anotações sobre 'Os olhos vesgos de Maquiavel" de Fernando Cesario <div style="text-align: center;">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><b>Um olhar enviesado sobre Vicente</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b> Faz algum
tempo que estou querendo escrever algumas linhas sobre o último romance de
Fernando Cesário, mesmo porque me pareceu ao término da leitura, que<i> Olhos vesgos de Maquiavel</i> não é livro
para leituras apressadas. Fiquei algum
tempo deglutindo algumas passagens e ruminando minhas memórias. Afinal me senti,
e de certa forma fui, contemporâneo do personagem narrador.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Fernando é amigo de velha data. Estudamos nas mesmas escolas públicas de
Cataguases; crianças, frequentávamos a igrejinha da vila, conduzidos por nossas
mães, fervorosas católicas. Também fomos vizinhos e depois de muitos anos de
andanças e mudanças, mais minhas do que dele, novamente, voltamos a nos tornar
vizinhos. Regularmente nos reunimos para assistir algum filme de seu fantástico
acervo. Livros e filmes, são algumas de nossas paixões e das mais antigas. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiT0wcSrKP31_kFBaGRcXWjQgIi69gw_XQUPocOGmITFcinz3zTNb-jzfO12QqUndkeCybzCsF6pIew6kyR6nqnZBJRZmEBSuAQxSSo9YWJaKiw-k0Evj-o4H0XlrSrEKBnT9OVLM1Gvu8n/s1600/olhos_vesgos_de_maquiavel_peq.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiT0wcSrKP31_kFBaGRcXWjQgIi69gw_XQUPocOGmITFcinz3zTNb-jzfO12QqUndkeCybzCsF6pIew6kyR6nqnZBJRZmEBSuAQxSSo9YWJaKiw-k0Evj-o4H0XlrSrEKBnT9OVLM1Gvu8n/s1600/olhos_vesgos_de_maquiavel_peq.jpg" /></a><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b> Vicente, o personagem,
faz parte de uma geração que viveu o início do golpe militar lá em 64, ainda um
menino em sua escola. Adulto volta ao
seu antigo ginásio, como professor e, a ditadura ainda teima, persiste nos seus
mais de vinte anos de existência. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>O autoritarismo molda ao seu feitio aqueles que vergam com
facilidade a espinha, já os que não se
deixam dobrar são perseguidos até por bedéis, simplórios acólitos de um poder
estabelecido pelo medo. Sua escola, lá atrás, foi responsável por uma formação mais humanista,
incompatível com a doutrina da ditadura, que se fiava o tempo todo no terror e
na delação. Os ditadores e seus títeres trataram logo de reformar o ensino, parecendo
que o único objetivo era afastá-lo do livre pensamento. Uma das inadaptações do novo professor deriva
desta incompatibilidade entre as duas escolas.
Seu amadurecimento em tempos de angústias ideológicas, violências
físicas e morais, transformam sua vida em uma agonia existencial sem fim. A censura, o estado policialesco torna sua
pequena cidade um lugar vazio, oco, os relacionamentos artificializam-se,
mentem uma lealdade inexistente. Como sempre, em meio às ditaduras, ou por medo
ou por conveniência, muitos não titubeiam em covardemente, cometer
traições. É neste pantanoso ambiente, de uma escola onde
do diretor ao bedel campeia a delação que vai tentar trabalhar Vicente. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Em meio a isto surge uma aluna adolescente que transforma
sua vida em uma montanha russa de sensações e ações. Professores vivem no fio da navalha; adultos,
vivem cercados de adolescentes “transbordando” hormônios, descobrindo seus
corpos e latejando sexualidade. Imagino não ser nada fácil, controlar o
despertar das “paixões” e suas próprias excitações. Já Vicente, quem sabe por
ter tido Nabokov como uma das suas leituras adolescente, deixou-se levar por esta
Lolita, que se revela uma machadiana Capitu, numa fantasia que subvertesse
aquele tempo de obscuridade e frustrações com a beleza irradiada de uma mulher-menina.
<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Fernando constrói o romance como cineasta na moviola, faz
cortes que tira o leitor de um rumo previsível, atiçando-o a reflexões. Curtos
trechos de notícias reais vão balizando a temporalidade da narrativa. É um
romance instigante. <o:p></o:p></b></span></div>
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Além da amizade, o que torna estas linhas ainda um tanto
quanto tendenciosas, é ter encontrado entre os personagens, um que se inspira
no meu velho Antônio Pereira, o que me deixou bastante feliz. </b></span> <o:p></o:p></div>
</div>
Chicos Cataletrashttp://www.blogger.com/profile/06123439738988318330noreply@blogger.com0